Quando finalmente um setor do qual temos todas as divergências e antagonismos possíveis e imagináveis se decide pela política de lutar pelo afastamento do genocida e golpista do cargo de presidência, surge a antipolítica em sua visão e versão rouge e se cria uma situação esdrúxula que beira o surrealismo: o Fica Bolsonaro!
Não, nenhuma ilusão quanto aos sujeitos envolvidos no processo, a memória política ainda cobra alto dos recém convertidos à oposição e ao impeachment. Em nada concordamos quanto a programa, ideologia, discurso e prática, são adversários nestes termos. Jamais haverá qualquer alinhamento com organizações que pautam a destruição dos pilares do Estado, da Cidade e dos Direitos.
Mas não é isso que está em causa! Ou não dormimos na noite do dia 6 de setembro esperando pelo pior? E mais: cientes da limitação que tínhamos para revidar! Ano passado eu morri, mas esse ano…quase morro de novo! Em duas ocasiões recentes foi antes a ação da fração da burguesia discordante de Bolsonaro que salvou a pele do Brasil.
Todo e qualquer militante ou dirigente da Esquerda têm pleno conhecimento do processo histórico e da (ir)responsabilidade dos atores políticos na situação atual do país. É flagrante a desagregação nacional e o sofrimento do povo trabalhador. Inclusive cresce a consciência social em cambiar de governança, mas estamos longe de um movimento de massas capaz de fazer frente ao golpe anunciado e articulado.
Aguardar as urnas é um erro! E a pauta em questão não é programática, o único acordo possível é o impedimento do homem que já causou a morte de milhares de brasileiros e que atenta abertamente contra o Estado Democrático de Direito, alimentando propósitos ditatoriais onde – conforme prometeu – iria fuzilar os oponentes!
Parece que a seletividade fez com que esquecêssemos as lições da História e apagássemos o que foi “a longa noite dos 21 anos”. Ou se dá um fim a esse governo fascista ou as probabilidades de sermos massacrados serão potencializadas. Se é verdade que tão importante quanto a guerra é saber quem está na trincheira, também é fato que o fascismo – antes no cio – se encontra prenhe.
A lógica e intento da unidade e amplitude prevê situações complexas, mas mantém fio condutor sólido: derrotar Bolsonaro. E isso hoje não se dará nas urnas, mas pelo impeachment. Permitir ao inimigo que recobre forças e iniciativas não consta em nenhum manual do bom senso, do comprometimento e da razoabilidade.
Dia 12, 18 e 02 serão concentrados num objetivo exclusivo: Fora Bolsonaro. Qualquer outra ilação a respeito resvala para a cegueira política, a tática eleitoreira e o esquerdismo movido a ressentimento. Vencida essa batalha, outra história se desenha. Mas para isso é necessário primeiro vencê-la!
Impeachment Já!
Alex Saratt é professor de História nas redes públicas municipal e estadual em Taquara/RS, vice-presidente estadual Cpers-Sindicato e Secretário de Comunicação da CTB-RS.