Agora que as agências internacionais de notícias informaram que a direção dos opositores colombianos suspendeu as manifestações de rua devido ao avanço da covid-19 e passou a pressionar o Congresso a implementar suas reivindicações fica para nós brasileiros uma dupla lição: a doença continua perigosa e matando e qualquer tática responsável de luta deve levar isto em conta.
O movimento sindical brasileiro vem tentando, desde pelo menos o mês maio do ano passado, aplicar uma estratégia exequível de enfrentamento dos problemas adequada à trágica situação.
A VIA – Vacina, Isolamento e Auxílio – tem se revelado coerente e as táticas adotadas vêm respeitando o constrangimento sanitário.
Além das diversas ações pontuais e recorrentes nas empresas (principalmente o controle dos protocolos de prevenção adotados) o movimento sindical tem participado de inúmeras ações no Congresso Nacional em defesa da pauta legislativa dos trabalhadores, de concorridas audiências públicas na Comissão de Trabalho e reforçado a necessária pressão sobre os parlamentares.
Quero ressaltar agora o estratégico papel desempenhado pela solidariedade social aos trabalhadores mais desvalidos, também aplicada pelo movimento sindical.
Esta solidariedade social que é, no fundo, uma solidariedade de classe, exerce-se de diversas maneiras e deve garantir no sindicato uma ação permanente de coleta de donativos, de sensibilização das empresas doadoras, de organização da distribuição e de efetiva contribuição para o alívio das agruras da malavita.
Vejamos o caso do aumento escorchante do preço do gás de cozinha, despesa pesada para as famílias mais pobres. Enquanto impera nos comunicadores e dirigentes políticos a alienação sobre o problema (exceto, para ser justo, nas edições do Jornal Nacional) a FUP (Federação Única dos Petroleiros) tem realizado sucessivas distribuições de botijões de gás para a população pobre.
Além do auxílio efetivo estas atividades solidárias são, no momento, a melhor forma de denunciar a errônea política de preços da Petrobrás e exigir sua mudança, bem como desmascarar a carência e a precariedade dos auxílios emergenciais.
Demonstra-se que ser solidário não é ser conivente com a situação; ser solidário de maneira persistente e organizada é a melhor maneira de fazer oposição e de ser amigo do povo.
João Guilherme Vargas Netto
É membro do corpo técnico do Diap e consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo