Em uma pelada depois da chuva nada é mais irritante que a bola cair na poça de água. O jogo se paralisa, a concentração se dispersa e os jogadores se encrencam entre si.
É o que tem acontecido com a reivindicação do auxílio emergencial de 600 reais para todos os necessitados até o fim da pandemia.
Os deputados e os senadores não se dispõem a votar a MP 1.039 e ampliar o atual auxílio merreca e não se consegue criar um amplo movimento de opinião pública exigindo isso.
Até mesmo as muitas conversas do ex-presidente Lula em Brasília não lograram sensibilizar os parlamentares e a opinião pública.
Quatro principais chuvaradas encharcaram o terreno e criaram a poça que tem paralisado o jogo.
A primeira delas é o rentismo e o fiscalismo que, desprezando a lição que nos vem dos Estados Unidos de Biden, insistem em impedir até mesmo a discussão do tema, quanto mais a efetivação do auxílio.
A seguinte é a posição oportunista de setores da oposição que cometem o desatino de se colocar contra o auxílio emergencial porque, aprovado, daria vantagem populista ao presidente Bolsonaro; preocupam-se com 2022 e não com o agora.
O próprio bolsonarismo, obcecado em ir para a rua, despreza o auxílio e se coloca contra a sua ampliação; ele não comparece na pauta divulgada da manifestação prevista para o dia 15.
E a última chuvarada que irriga, sobretudo a classe média e os políticos alienados, é a aporofobia – as necessidades dos pobres não lhes dizem respeito.
Estas águas de maio têm criado a poça na qual a bola permanece parada para preocupação das centrais sindicais unidas e sacrifício do povo.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical e membro do corpo técnico do Diap