Em palestra em São Paulo, presidente do Sindpd e da CSB disse que o açodamento e falta de negociação de acordos coletivos com os sindicatos poderão gerar aumento do passivo trabalhista das empresas
O presidente da Central do Sindicato Brasileiro (CSB) e do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd), Antonio Neto, participou na manhã desta quinta-feira (5), em um hotel na Zona Sul de São Paulo, da Jornada do Conhecimento.
O evento, voltado para empresários e profissionais de Recursos Humanos (RH) de empresas de tecnologia da informação, teve como tema a polêmica reforma trabalhista, que entra em vigor no próximo dia 11 de novembro.
Em sua palestra, o presidente da Central definiu a reforma como um aumento da responsabilidade para as duas partes envolvidas na relação capital-trabalho.
“Agora é hora da nossa responsabilidade aumentar, lógico que vocês não devem esperar que vamos mudar nossa convenção coletiva para piorar as condições dos trabalhadores. Os sindicatos não farão, mas poderemos ter uma relação mais igual, com mais segurança jurídica. É bom lembrar que negociação é uma rua de duas mãos, não é mão única. Vamos ter que ter responsabilidade na hora de negociar”, disse Neto, que ainda falou de compensação na hora de negociação.
“A nova lei diz que você pode trocar o benefício, mas tem que incluir outro. Quer retirar um benefício, precisa garantir uma substituição, uma compensação. Isso vai criar alternativas para passarmos por cima de algumas dificuldades”, completou.
Antonio Neto também refutou a afirmação dos parlamentares, de que a reforma diminuirá os processos trabalhistas e ainda reforçou os pontos inconstitucionais da nova lei.
“Essa reforma tem pontos inconstitucionais, temos o ordenamento jurídico, que foi rompido em vários pontos. Além disso, eles se esqueceram também que somos signatários de convenções internacionais, e a maioria delas de antes de 1988. Teremos um caos, teremos muitos mais processos trabalhistas”, completou o presidente do Sindpd, que lamentou a maneira como a reforma está sendo divulgada.
“É uma pena que a maneira que a reforma está sendo vendida tenha gerado no empresariado brasileiro o mesmo assolamento que tiveram os parlamentares, e agora mudou tudo. Disseram que iria acabar os sindicatos e a CLT, mas vamos utilizar a negociação coletiva para fortalecer a negociação. É muito importante que as empresas saibam que é possível fazer acordo, e o Sindpd está aberto para fazer negociações, temos feito grandes negociações e procuramos ajudar o mercado. A partir de 11 de novembro, estaremos em um novo momento, estamos de portas abertas para fazer os acordos que forem necessários, para que a gente consiga continuar a ter uma relação de capital-trabalho de olho no olho”, finalizou Neto.
Além do presidente da CSB e do Sindpd, o evento contou com a participação de Vilma Dias, que representou a Delegacia Regional do Trabalho (DRT), e da consultora jurídica, Patrícia Bayeux