Não é novidade que o desgoverno de Jair Bolsonaro e sua base fundamentalista no Congresso Nacional atuam para acabar com a educação pública. Contraditoriamente apoiam o ensino domiciliar e defendem o retorno às aulas presenciais mesmo em meio ao grande número de mortes e contágios pelo coronavírus.
Somente essa contradição já denuncia o caráter genocida desse desgoverno que nega a ciência, a história, a cultura e o conhecimento. Os fundamentalistas religiosos preconizam o ensino domiciliar para manter seus filhos sob o cabresto da ignorância e da falta de horizontes futuros.
Ao mesmo tempo querem as aulas presenciais para favorecer os barões da educação, sem nenhum compromisso com a vida e com a profusão do saber. Pois todo mundo sabe que o isolamento social é essencial para barrar a disseminação do vírus. O Ministério da Educação – que trabalha contra a educação – deveria agir em concomitância com o movimento educacional e lutar por mais verbas para esse setor, mas não faz nada.
O desgoverno corta verbas da educação publica, sem que os seus apoiadores – “tão ciosos da educação” – nada reclamam, aliás, apoiam e se calam. Tanto que não discutem o veto presidencial ao projeto de lei 3.477-2020 para garantir acesso à internet e todos os mecanismos necessários para professores e estudantes terem o ensino remoto à distância e dessa forma todos poderem estudar com dignidade.
A pandemia evidenciou a desigualdade social e educacional no país e os conservadores agora se mostram tão preocupados com os mais pobres, que estão sem acesso à educação e sem comida. Mas quando têm que votar projeto a favor de um auxílio emergencial condizente de ao menos R$ 600 para todas as pessoas necessitadas se omitem.
Também se omitem sobre a violência contra crianças e jovens, pois defendem o castigo como método pedagógico. Por isso, além da educação domiciliar castradora defendem a escola cívico-militar da mesma forma repressiva e impeditiva do pensamento crítico, tão necessário ao progresso humano.
O movimento educacional se mobiliza pela valorização da educação pública como direito constitucional das crianças e adolescentes, assim como um direito humano de todas e todos.
Para isso, lutamos por mais investimentos na educação pública, com valorização dos profissionais, liberdade, diálogo, autonomia curricular, respeito às professoras e professores, piso salarial empoderado e estruturação das escolas com biblioteca, laboratório de ciência, quadras esportivas, material adequado e suficiente para as aulas, enfim uma escola democrática, inclusiva e com qualidade social. Para tudo isso existir, fora Bolsonaro.
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil, seção São Paulo (CTB-SP).
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