PUBLICADO EM 14 de abr de 2021
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Por que os ricos apoiam Bolsonaro

Matéria publicada pelo jornal Valor Econômico informa que quarta-feira (7/4), representantes da alta burguesia brasileira promoveram em São Paulo um jantar em apoio a Jair Bolsonaro e ao seu governo.

Segundo o jornal, além de Bolsonaro estiveram presentes os seus principais ministros e nenhuma crítica à maneira desastrosa como o ex-capitão vem conduzindo o país. Ao contrário, as críticas de participantes ao evento e do próprio Bolsonaro foram direcionadas ao isolamento social e aos governadores e prefeitos por terem adotado medidas de restrição a uma parte do comércio e atividades consideradas não essenciais (medidas insuficientes, diga-se de passagem), como forma de conter o avanço do novo coronavírus, assim como aos seus desafetos políticos. Sequer se falou das 350 mil mortes pela Covid-19, bem como dos 3.733 óbitos ocorridos na quarta-feira, data do referido encontro regado a champanhe Dom Pérignon.

As declarações de apoio ao governo foram em diversos sentidos, ainda de acordo com o jornal, principalmente quando Bolsonaro afirmou estar fazendo todo o esforço em prol da vacinação em massa de modo a combater a pandemia. Uma tremenda mentira, pois tem sido ele e seus apoiadores os principais responsáveis por esta terrível crise que o país enfrenta.

Com isso, fica evidente que a elite brasileira que em 2018 financiou a campanha do então candidato do PSL à presidência da República e continua a bancar politicamente o seu governo genocida, não está nem aí para os problemas nacionais, tais como o desemprego, renda em declínio, pobreza, fome e morte.

Aliás, é em função dessas péssimas condições de vida da maioria da população que essa gente enriquece. Não é à toa que o agravamento da crise brasileira tem possibilitado a essa elite gananciosa e mesquinha o estupendo aumento do seu patrimônio.

Reportagem do jornal Folha de São Paulo, de 27/07/2020, e de acordo com a ONG Oxfam, tendo por base o ranking de bilionários da revista “Forbes”, revelava que “(…) em meio a uma das mais graves crises econômicas mundiais da história recente, os 42 bilionários brasileiros viram o conjunto de suas fortunas crescer US$ 34 bilhões nos meses da pandemia. Segundo a entidade, o patrimônio líquido dos mais ricos subiu de US$ 123,1 bilhões em março para US$ 157,1 bilhões em julho deste ano”.

Em 6/04/2021, quando o Brasil bateu o recorde com 4.211 óbitos pelo coronavírus a citada “Forbes”, em sua lista anual, anunciava uma explosão de novos bilionários no mundo. No caso brasileiro, e de acordo com a revista, o número de bilionários pulou de 45 em 2020 para 65 em 2021. Juntos possuem uma fortuna equivalente a um quinto da riqueza econômica gerada no Brasil em um ano. Em 2020, o Produto Interno Bruto do Brasil foi de R$ 7,4 trilhões.

Por outro lado, pesquisa recente realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) apontou que durante esses 12 meses de pandemia 19 milhões de pessoas passam fome e 116 milhões têm convivido com algum grau de insegurança alimentar. A pesquisa mostrou ainda que “a fome no Brasil se encontra em ritmo acelerado. Entre 2018 e 2020 alcançou 27,6% da população quando entre 2013 e 2018 era de 8%”.

Isso explica porque Bolsonaro age como tal ignorando os graves problemas econômicos (desemprego, renda em declínio e fome) e outros igualmente terríveis trazidos pela pandemia (adoecimentos, sistema de saúde precarizado e milhares de mortes). Já não se trata de incapacidade governativa, incompreensão dos problemas nacionais, mas está em evidencia um claro projeto antipovo, genocida, e voltado a favorecer os muito ricos enquanto a classe que vive do trabalho encontra-se precarizada e abandonada à própria sorte (desempregada, passando fome, adoecendo e morrendo feito moscas).

José Raimundo de Oliveira é historiador, educador e ativista social.

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