O cenário para as negociações salariais continuam adversos para classe trabalhadora brasileira. Estudo do Dieese revela que cerca de 70% dos reajustes referentes a fevereiro, analisados até a realização deste estudo, ficaram abaixo de 5,53%, percentual necessário para recompor as perdas na data-base, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE).
Reajustes iguais a 5,53% foram observados em 7,4% dos casos; e acima, em 22,2%. A variação real média dos reajustes em fevereiro, já descontada a taxa de inflação (INPC), foi de -0,55%. O quadro mostra piora dos resultados da negociação coletiva dos salários em 2021, apesar da ampliação do percentual das que conseguiram aumentos reais na data-base.
Deste modo, em meio à pandemia, a inflação vai corroendo o poder de compra dos salários e operando uma perversa transferência de renda dos trabalhadores e trabalhadoras para os capitalistas.
Estes logram transferir o custo da crise para os ombros da classe que labuta e lucram com o arrocho dos salários, que por outro lado tem um efeito depressivo para a economia em seu conjunto, principalmente em momentos de crise como o atual, na medida em que reduz o consumo do povo, o que não é bom para o comércio e a produção. A redução do valor real dos salários vai de encontro à necessidade de recuperação da economia.
O percentual de reajuste necessário continuou aumentando no período de 14 meses e atingiu 6,22% para a data-base de março de 2021. De acordo com o Dieese, a escalada dos índices, observada desde julho de 2020, é um dos fatores que podem explicar os resultados das negociações salariais nos últimos meses e é um indicativo de quanto as negociações das próximas datas-bases podem ficar difíceis.
Por setores, as negociações na indústria ainda são as que têm melhor desempenho na comparação com as do comércio e serviços; e as dos serviços apresentam os piores resultados. No entanto, as negociações com aumentos reais apresentaram ligeiro crescimento: de 4,6 pontos percentuais no comércio; e de 1,5 ponto percentual nos serviços.
No recorte regional, e considerando os reajustes acordados em janeiro e fevereiro de 2021, o Sul se destaca das demais regiões por apresentar o menor percentual de reajustes abaixo do INPC, equivalente a um terço do total no território, e pelos maiores percentuais de reajustes iguais ou acima da inflação. Sudeste e Centro-Oeste apresentam os piores desempenhos em 2021.
Fonte: Portal CTB