PUBLICADO EM 22 de fev de 2021
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Brasil tem filme de temática indígena no Festival de Berlim. Participação neste ano será reduzida

Em 2019 e 2020 Brasil teve mais de dez filmes no festival. Neste ano, serão quatro. Desmonte do setor audiovisual pelo governo Bolsonaro já mostra resultado

Brasil será representado no Festival de Berlim pelo filme A Última Floresta (2020), de Luiz Bolognesi – Foto: divulgação

O Brasil será representado no Festival de Berlim pelo filme A Última Floresta (2020), de Luiz Bolognesi. O longa foi selecionado para a mostra Panorama deste que é um dos mais importantes eventos do cinema mundial. O filme retrata o cotidiano de um povoado Yanomami que vive isolado na fronteira entre Brasil e Venezuela há mais de mil anos.

Bolognesi assina o roteiro do longa em parceria com Davi Kopenawa, que é um xamã, escritor e líder do povo Yanomami. Ao retratar o dia-a-dia deste povoado, entra em foco a resistência indígena contra o avanço de garimpeiros sobre suas terras. A obra retrata todos os males trazidos pelas invasões, repetindo experiência de Bolognesi com o filme Ex-Pajé (2018), que também recebeu menção honrosa na Berlinale.

O cinema do Brasil será representado por mais três obras no Festival de Berlim. Em comparação com anos anteriores, é uma participação reduzida. Para se ter ideia, em 2019, o país contou com 12 filmes concorrendo em diferentes mostras e em 2020 foram 18; incluindo a disputa pelo prêmio principal, o Urso de Prata. Neste ano, nenhuma produção brasileira concorre ao mais alto pódio.

Desmonte bolsonarista
Entre os culpados pela redução drástica estão a baixa produção em tempos de pandemia e, especialmente, a asfixia que vive o setor do audiovisual. Desde que assumiu o governo, o presidente Jair Bolsonaro deixou clara sua aversão à cultura brasileira. Editais públicos foram interrompidos, bem como programas de incentivo, dificultando o acesso ao Fundo Setorial do Audiovisual e, como consequência, sufocando a indústria.

“O presidente Bolsonaro atingiu seu objetivo, que é matar o cinema nacional, pois está matando. Esse é mais um atestado da decadência política e cultural que atinge todos os setores do país”, resume o jornalista Rui Martins, em artigo no Brasil de Fato.

Entre os ataques também está o aparelhamento da Agência Nacional de Cinema (Ancine), que na prática virou um órgão fantasma. “Desde sua campanha eleitoral, Bolsonaro ameaçava a Ancine, primeiro prometendo criar filtros ou censura. Logo depois, falava claramente em fechar a agência reguladora do cinema, criada em 2001 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, alguns anos depois de ter sido encerrada a Embrafilme. O objetivo da Ancine era o de fomentar, criar e fiscalizar a indústria cinematográfica, ficando ligada ao Ministério da Cultura”, completa Martins.

O festival
A Berlinale deste ano acontece em formato híbrido, on-line e presencial limitado. O festival contará com exibição das produções da Berlinale Serie entre os dias 1º e 5 de março para profissionais do setor. E um segundo período será destacado em junho para o público geral. Entre os destaques da edição estão 15 filmes feitos durante a pandemia de covid-19, com todos os desafios e reflexos da maior crise sanitária da humanidade em mais de 100 anos.

“Embora apenas alguns mostrem diretamente o novo mundo em que vivemos, todos eles integram os tempos de incerteza que estamos passando”, disse ele em vídeo sobre o programa. “O sentimento de apreensão está em toda parte”, disse o diretor artístico da Berlinale, Carlo Chatrian.

Fonte: Rede Brasil Atual

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