A ação pede a reintegração de 2.500 trabalhadores e foi movida pelos sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos e de Araraquara. A audiência será por videoconferência.
Na ação judicial, os autores argumentam que as dificuldades financeiras vividas pela Embraer foram provocadas pela má gestão da empresa pelo Conselho Administrativo, e não pela pandemia. Além disso, a empresa realizou os cortes sem ao menos negociar com os sindicatos.
“O que de fato gerou prejuízos à Embraer foram as tratativas de venda para a Boeing. O processo de transição custou à empresa brasileira algo em torno de R$ 1 bilhão. Depois de dois anos de negociação, o acordo fracassou e a Embraer ficou com um rombo em seu orçamento. A conta foi paga pelos trabalhadores, com seus empregos”, afirma Márcio José Barbosa de Morais, diretor do Sindicato.
Em anos anteriores, os trabalhadores também foram obrigados a pagar por erros cometidos pela direção da Embraer. Em 2009, a empresa demitiu 4.273 funcionários depois de perder quase US$ 500 mil dólares (valores atualizados) por aposta errada no mercado de derivativos.
Em 2015, a empresa foi multada em US$ 200 milhões pelo pagamento de propina num contrato de venda de aviões Super Tucano. Resultado: 1500 demissões.
Sem crise
A Embraer está longe de passar por uma crise financeira. Recentemente, a empresa conseguiu a liberação de dois financiamentos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Um deles no valor de R$ 3 bilhões e outro de R$ 450 milhões. A continuidade da injeção de dinheiro público na empresa, mesmo após sua privatização, reforça a necessidade de reestatização, como defende o Sindicato.
A situação da empresa também pode ser medida pelos supersalários pagos a altos executivos da Embraer. Alguns chegam a receber valores superiores a R$ 1 milhão por mês. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos já apresentou essa denúncia ao TRT.
“As demissões realizadas pela Embraer são inaceitáveis. É falso o argumento de que os cortes foram consequência da pandemia. A irresponsabilidade e ganância da direção e dos acionistas da empresa são a verdadeira razão da demissão em massa. Por isso, estamos lutando para que todos os trabalhadores demitidos em setembro de 2020 tenham seus empregos de volta”, conclui o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC