Quero muito estar errado, mas prevejo para os próximos dias – passados o Natal e as Festas – uma tempestade perfeita assolando o povo brasileiro.
A pandemia cobrando seu mortal legado, a desorientação das pessoas (medo, euforia e alheamento) e o despreparo das autoridades para enfrentar o relaxamento social, o desespero e o esgotamento dos recursos sanitários.
Mesmo a chegada das vacinas parece mais uma corrida no aeroporto quando não há lugares marcados e para um avião em que o piloto sumiu.
O fim dos auxílios emergenciais, o desemprego e a falta de renda abrem caminho à fome e a dificuldades inauditas; a economia, desequilibrada e mal conduzida, não oferece boas perspectivas a não ser para os rentistas.
Enquanto o presidente Bolsonaro navega nessas águas turvas, o campo oposicionista encontra-se paralisado e silente em suas alienações eleitoreiras e de costas para as necessidades prementes do povo.
Os prefeitos que assumirão em janeiro sentarão em cadeiras de pernas capengas e não terão condições de satisfazer as expectativas dos cidadãos.
Nesta tempestade perfeita venho recomendando aos dirigentes sindicais o bom senso de nossas experiências.
Em primeiro lugar subir às bases e defendê-las neste novo quadro de dificuldades agravadas combatendo, por exemplo, o descalabro nos transportes públicos e nas aglomerações indiscriminadas.
Em segundo lugar, reforçando o caráter institucional do movimento e sua relevância, apresentar à sociedade nossas propostas imediatas de enfrentamento da pandemia e da crise: plano nacional efetivo de vacinações, exigência de controle eficaz, coletivo e agregador do distanciamento social, frentes de trabalho, auxílios emergenciais e coordenação entre estados, municípios, ex-ministros e Congresso Nacional para enfrentar os graves desafios, preenchendo a lacuna desorganizadora da presidência, do ministério da Saúde e do ministério da Economia.
Os dirigentes sindicais devem se convencer que para enfrentar e vencer a tempestade perfeita é preciso atitude forte e imediata – às vésperas das Festas e ouvindo os sinos do Natal.
João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical