Nesta quinta-feira, 15, bancárias e bancários de todo o país realizam um Dia Nacional de Luta Contra as Demissões nos Bancos. Em Belo Horizonte, houve paralisações no Bradesco e um ato foi realizado em frente à agência Centro (0465) do banco, na rua da Bahia, região central da capital mineira.
Com o Dia Nacional de Luta, os trabalhadores denunciam a quebra de compromisso das instituições bancárias de não demitir durante a pandemia. O compromisso foi firmado com o movimento sindical bancário no primeiro semestre deste ano, logo no início da crise sanitária, mas foi descumprido por bancos como Santander, Itaú, Bradesco e Mercantil do Brasil.
Muitas das demissões realizadas pelos bancos são feitas por meio de ligações telefônicas e outras atingem a totalidade de departamentos, com a clara finalidade de terceirização das atividades. Já foram registrados também desligamentos de bancários adoecidos, de bancárias gestantes e de trabalhadores que haviam sido premiados por bom desempenho.
Santander
As demissões começaram pelo Santander ainda no início de junho. Como justificativa, o banco alega que o compromisso se encerrou em maio e que os bancários são demitidos pelo baixo desempenho. Mas, o Brasil é responsável por 32% do lucro mundial do Santander e, mesmo após ter realizado uma provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD) de R$ 10,4 bilhões, o banco registrou lucro de R$ 5,989 bilhões no primeiro semestre de 2020.
Wagner dos Santos, diretor do Sindicato que integra a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, afirma que o processo de demissão se agravou no último período. “Essa situação é muito delicada. Vários bancários foram demitidos através de contato telefônico. As demissões não param. Todo dia recebemos informações sobre novos desligamentos. É muito importante a categoria estar unificada nesse momento para mostrar, tanto para funcionários como para a sociedade em geral, a importância de se manter o emprego nessa crise sanitária e econômica”, afirmou.
Itaú
Outro banco que descumpriu o compromisso de não demitir durante a pandemia foi o Itaú. Em uma só tacada, o banco demitiu 130 funcionários na área de Veículos, além de outras que ocorreram em agências bancárias. Em 2019, o Itaú teve lucro de R$ 28 bilhões e, nos seis primeiros meses de 2020, mesmo com a pandemia, lucrou R$ 8 bilhões. Porém, enquanto divulga uma campanha para mostrar seu lado humano, demite funcionários durante a maior crise sanitária dos últimos 100 anos.
Para Valdenia Ferreira, que é diretora do Sindicato e representante da Fetrafi-MG/CUT na COE Itaú, apesar de usarem uma imagem publicitária voltada para questão da responsabilidade social, os bancos agem de outra forma. “Os bancos fazem campanha dizendo que doaram milhões para o combate à pandemia, mas estão demitindo em massa. Queremos saber qual é o papel social dos bancos hoje em relação aos seus funcionários e às suas funcionárias”, questionou.
Bradesco
O Bradesco completa a lista dos três maiores bancos privados do país que descumpriram o compromisso de não demitir durante a pandemia. Em pleno período de pandemia o banco demitiu 427 funcionários. Nesta terça-feira, 13, os bancários promoveram um tuitaço contra as demissões com as hashtags #BradescoNãoDemita #BradescoPenseNoFuturo, em alusão à campanha publicitária na qual o banco convida os clientes a “experimentarem o futuro com o banco”.
Para Giovanni Alexandrino, funcionário do Bradesco e diretor do Sindicato, não se pode aceitar os desligamentos promovidos pelo banco. “Não podemos aceitar calados essas demissões. São centenas de pais e mães de família desligados por todo o Brasil. Enquanto o Bradesco insistir em demitir, vamos continuar lutando e defendendo os direitos e o emprego dos trabalhadores”, destacou.
Mercantil do Brasil
Além disso, o Mercantil do Brasil também descumpriu o compromisso assumido, em negociação, de não demitir durante a pandemia. No banco, que atende prioritariamente aposentados e pensionistas do INSS, já foram mais de 100 desligamentos, mesmo com o lucro de R$ 74 milhões apenas no primeiro semestre de 2020. Enquanto isso, clientes e usuários sofrem com imensas filas, ocasionadas pela redução de funcionários e precarização no atendimento. O banco também anunciou o fechamento das plataformas de serviços em Salvador, Brasília e Recife. Os trabalhadores protestam contra a irresponsabilidade do banco com a hashtag #MercantilSemCompromisso.
O diretor do Sindicato Marco Aurélio Alves, que coordena a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Mercantil, destaca que as demissões de bancários retratam a ganância e prepotência dos banqueiros na luta insana por lucros cada vez maiores, em detrimento ao sofrimento de centenas de país e mães de família. “Mesmo apresentando recordes de rentabilidade e lucratividade, os bancos não honraram a palavra e o compromisso de não demissão durante o período de pandemia. Isso também caracteriza uma afronta aos clientes, que sofrem com a precarização do atendimento por conta da redução de funcionários”, explicou.
Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT