Depois de várias entrevistas, discussões com dirigentes e reuniões com importantes organizações do movimento sindical apresento a lista do que considero os quatro grandes feitos sindicais em 2017 e as minhas quatro maiores preocupações para 2018.
O ano sindical de 2017 foi muito pesado e muito negativo em sua totalidade, uma cordilheira com altos e baixos e descidas vertiginosas e acidentadas.
Destaco os quatro pontos altos:
1- Segundo o Dieese, a maioria dos acordos e convenções firmados em 2017 garantiu às categorias aumentos reais de salários e manutenção das cláusulas sociais; o número de greves manteve-se no mesmo patamar dos anos anteriores. Em todas as negociações em que o patronato tentou introduzir os novos termos da lei celerada o movimento sindical dos trabalhadores, com sua resistência, foi vitorioso.
2- A unidade de ação das centrais sindicais e as grandes mobilizações do primeiro semestre;
3- A criação do Brasil Metalúrgico e o seu grande papel unitário na condução das negociações dos metalúrgicos e no estabelecimento de uma pauta unitária da categoria, com mobilizações;
4- O trabalho do Centro de Memória Sindical ao comemorar os 100 anos da greve geral de 1917 pautando sindicatos, a Academia e veículos de comunicação sobre a importância da memória das lutas sindicais do passado para as lutas de hoje.
As minhas quatro grandes preocupações em 2018 serão:
1- A baixa e lenta recuperação econômica, conjugada com a anarquia nas relações do trabalho provocada pela lei celerada, com retrocesso de direitos;
2- A desconfiança da base dos trabalhadores apreensiva em relação à situação e às direções sindicais, acarretando dessindicalização;
3- O aperto financeiro nas entidades que pode levar a iniciativas que agravam o quadro de estranhamento entre a base e as direções. Com as dificuldades cresce a pressão divisionista do “salve-se quem puder”, com a unidade de ação formal perdendo força;
4- Mergulhado o movimento sindical na confusão reinante no mundo político pode haver o exagero de candidaturas eleitorais de dirigentes sindicais, reforçando a falsa ideia da “bancada sindical” e contribuindo com a divisão real do movimento, em lugar de fortalecer alianças programáticas com postulantes partidários e os próprios partidos.
Um viva para os quatro feitos, preocupemo-nos com os quatro perigos.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical