PUBLICADO EM 31 de mar de 2020
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Tirar Bolsonaro e criar uma frente ampla para liderar o país contra o coronavírus

A crise criada pela pandemia do coronavírus jogou o presidente Jair Bolsonaro nas cordas por suas posições indefensáveis de privilegiar a economia à vida das brasileiras e brasileiros. Contra todas as orientações de especialistas científicos, Bolsonaro se isola em seu próprio governo e vê o número de apoiadores se esvair.

Cresce a tese de afastamento de um presidente, que já sabíamos, incapaz de governar o Brasil. Ele não desceu do palanque e insistiu em discursar para agradar o mercado e, pior, o sistema financeiro internacional. Contra os interesses do nosso país.

Ainda mais num momento terrivelmente grave, Bolsonaro parece brincar de presidente e com as vidas das trabalhadoras e trabalhadores, que já estava muito ruim com as teses do projeto neoliberal em marcha, sob a liderança do ministro da Economia, Paulo Guedes.

O Brasil tornou-se um dos países mais violadores dos direitos humanos, individuais e sociais. Com Guedes à frente e com todo apoio do ministro da Justiça, o ex-juiz Sergio Moro, as políticas pelos direitos LGBTs, das mulheres, dos negros e dos povos indígenas sofrem um massacre jamais visto na história republicana. Querem retroceder décadas ou séculos para oprimir as pessoas pela sua orientação sexual e contra os direitos de ter uma vida decente.

Aliás, o projeto neoliberal começou assim que Michel Temer tomou o lugar da presidenta eleita Dilma Rousseff, em 2016, e passou a atacar os direitos trabalhistas e a cortar verbas das áreas sociais em benefício de especuladores financeiros.

A reforma trabalhista, de 2017, com voto favorável de Bolsonaro, não criou nenhum emprego prometido e ampliou o exército de trabalhadoras e trabalhadores informais, a terceirização escancarada também contribuiu para a precarização e o enorme rodízio de mão de obra.

Já com Bolsonaro foi aprovada a reforma da previdência, significando o fim da possibilidade de uma aposentadoria digna, principalmente para os menores salários. Hoje Bolsonaro demagogicamente cita os mais de 38 milhões de trabalhadores informais, o alto índice de desemprego, só não fala de sua parcela de responsabilidade sobre o aprofundamento da crise, que vitima a maioria absoluta da população.

Para o enfrentamento ao coronavírus prega a continuação da vida sem isolamento social. Seguindo os paços dos países que fizeram isso, como Espanha, Estados Unidos e Itália, justamente os três países com mais pessoas infectadas e maior número de mortes.

Não fez nada para melhorar a renda das brasileiras e brasileiros vulneráveis como os trabalhadores informais, os desempregados, moradores de rua, indígenas, favelados, enfim todo mundo que precisa de ação do Estado para manter uma renda mínima para ficar em casa, em isolamento, freando a disseminação do perigoso vírus.

Foi o tão criticado por Bolsonaro, Guedes e Moro e pela mídia burguesa, o Congresso Nacional que tomou essa iniciativa e aprovou uma renda mínima de R$ 600 por três meses a essas pessoas, podendo chegar a R$ 1.200 se houver mais de uma pessoa adulta nessa situação na família e R$ 1.200 para as mães solteiras. Tudo durante 3 meses.

Poderia ser melhor, mas já é o triplo do que se dispunha Paulo Guedes, que projetava um auxílio de R$ 200 por família e ainda para quem não recebesse nenhum benefício do governo federal, inclusive o Bolsa Família.

Algumas boas notícias dão ânimo para a resistência ao coronavírus. Bolsonaro está isolado e em franca queda de prestígio e o Congresso assumiu papel importante nessa luta.

Empresários como Luiza Trajano, da Magazine Luiza e Tito Bessa Junior, das lojas TNG e presidente da Associação Brasileira dos Lojistas Satélites, defendem que os empresário deem sua cota de ajuda no combate à Covid-19, pagando os salários de seus funcionários para que fiquem em casa com mais tranquilidade, sem o recurso de férias coletivas.

Recurso que joga sobre os ombros dos trabalhadores durante a quarentena, todo o ônus da crise pela qual estamos todos submetidos. Diante de todos esses acontecimentos, a luta agora é para Bolsonaro cumprir a lei e pagar logo a renda mínima que beneficiará mais de 100 milhões de pessoas.

A luta dos setores progressistas e democráticos da sociedade continua o de pôr fim a esse governo inepto. Incapaz de levar o Brasil de volta ao caminho do crescimento econômico com justiça social, valorização do trabalho, da educação e da saúde pública, da cultura, dos direitos humanos e de todas as pessoas serem o que quiserem ser.

Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB-SP).

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