PUBLICADO EM 14 de dez de 2017
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Evaldo Braga, o primeiro ídolo negro do pop moderno

Por Fernando Rosa

Eu não sou lixo. Quem não conhece essa música? Ou, então, Sorria, Sorria … ou, ainda, A Cruz que Carrego… As três estão impregnadas na memória popular, quase como obras de “domínio público”. Tão profundamente que invadiram até mesmo o mundinho elitizado da asséptica classe média. Ainda hoje, seu túmulo, no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, é um dos mais visitados na época de finados.

Cantor e também compositor, Evaldo Braga é o primeiro ídolo negro do pop moderno, pós-Roberto Carlos. Espécie de Kurt Kobain da música brega, teve uma carreira meteórica, interrompida pelas drogas, no caso o álcool, que resultou em um acidente fatal, na BR3, antiga Rio-BH, no dia 31 de janeiro de 1973. Ele tinha apenas 25 anos e deixava um legado de canções que traduziam o sentimento de abandono de milhões de brasileiros.

Em cerca de três anos, Evaldo Braga gravou apenas dois discos e vários compactos e se apresentou em diversos estados do país. O Ídolo Negro foi o primeiro LP, lançado em 1971, pela Polydor. O segundo, Ídolo Negro – Volume 2, também pela Polydor, saiu um ano depois. E, pelo mesmo selo, ainda existe a coletânea O Melhor do Ídolo Negro, editada vinte anos após a sua morte. O suficiente para transformá-lo em sucesso nacional.

Evaldo Braga teve uma infância e adolescência literalmente miserável, boa parte vivida nas ruas – sua história é contada na música Revelação de Um Sonho, de Carlos Alexandre, outro ídolo do gênero – o mais ‘punk deles’. Nascido na cidade de Campos (RJ), sem conhecer os pais, descobriu, já grande, que era filho de uma prostituta, e que sua mãe o havia abandonado em uma lata de lixo. Ainda jovem, trabalhou como engraxate na porta da rádio Mayrink Veiga, onde conheceu diversos artistas. Ali, descobre a sua vocação e uma forma de exorcizar seus dramas e sofrimentos.

Em 1969, conheceu o produtor e compositor Osmar Navarro, que o levou para gravar as primeiras composições. Pouco tempo depois, inaugura a carreira com o primeiro LP, O Ídolo Negro. Nele, está a clássica A Cruz que Carrego, um dos seus maiores sucesso, até hoje regravada e cantada país afora. O segundo LP, em 1972, trazia seu grande sucesso Sorria, Sorria, parceria com Carmen Lúcia, e ainda Eu Não Sou Lixo, que trouxeram a consagração definitiva junto ao público, tornado-se hit popular.

Fernando Rosa é jornalista, produtor cultura e editor do portal Senhor F.

Ouça aqui a música A cruz que carrego:

ou no Spotify

ENVIE SEUS COMENTÁRIOS

  • Cláudio Roberto galvao

    Um privilégio ouvir Evaldo Braga sou escritor e estou criando um novo projeto intitulado O Rei Sol inspirado na vida do grande ídolo negro

  • Berg

    Grande cantor brasileiro. ..Um guerreiro. .pena que se foi tão cedo. Com 27 anos. .E essa história de ter sido encontrado numa lixeira é mentira. Ele foi entregue diretamente pelo pai a pessoa que o criou. …seguramente se vive-se mais uns 10 anos. .teria se tornado imbatível em vendas de discos

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