Por Fernando Rosa
Eu não sou lixo. Quem não conhece essa música? Ou, então, Sorria, Sorria … ou, ainda, A Cruz que Carrego… As três estão impregnadas na memória popular, quase como obras de “domínio público”. Tão profundamente que invadiram até mesmo o mundinho elitizado da asséptica classe média. Ainda hoje, seu túmulo, no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, é um dos mais visitados na época de finados.
Cantor e também compositor, Evaldo Braga é o primeiro ídolo negro do pop moderno, pós-Roberto Carlos. Espécie de Kurt Kobain da música brega, teve uma carreira meteórica, interrompida pelas drogas, no caso o álcool, que resultou em um acidente fatal, na BR3, antiga Rio-BH, no dia 31 de janeiro de 1973. Ele tinha apenas 25 anos e deixava um legado de canções que traduziam o sentimento de abandono de milhões de brasileiros.
Em cerca de três anos, Evaldo Braga gravou apenas dois discos e vários compactos e se apresentou em diversos estados do país. O Ídolo Negro foi o primeiro LP, lançado em 1971, pela Polydor. O segundo, Ídolo Negro – Volume 2, também pela Polydor, saiu um ano depois. E, pelo mesmo selo, ainda existe a coletânea O Melhor do Ídolo Negro, editada vinte anos após a sua morte. O suficiente para transformá-lo em sucesso nacional.
Evaldo Braga teve uma infância e adolescência literalmente miserável, boa parte vivida nas ruas – sua história é contada na música Revelação de Um Sonho, de Carlos Alexandre, outro ídolo do gênero – o mais ‘punk deles’. Nascido na cidade de Campos (RJ), sem conhecer os pais, descobriu, já grande, que era filho de uma prostituta, e que sua mãe o havia abandonado em uma lata de lixo. Ainda jovem, trabalhou como engraxate na porta da rádio Mayrink Veiga, onde conheceu diversos artistas. Ali, descobre a sua vocação e uma forma de exorcizar seus dramas e sofrimentos.
Em 1969, conheceu o produtor e compositor Osmar Navarro, que o levou para gravar as primeiras composições. Pouco tempo depois, inaugura a carreira com o primeiro LP, O Ídolo Negro. Nele, está a clássica A Cruz que Carrego, um dos seus maiores sucesso, até hoje regravada e cantada país afora. O segundo LP, em 1972, trazia seu grande sucesso Sorria, Sorria, parceria com Carmen Lúcia, e ainda Eu Não Sou Lixo, que trouxeram a consagração definitiva junto ao público, tornado-se hit popular.
Fernando Rosa é jornalista, produtor cultura e editor do portal Senhor F.
Ouça aqui a música A cruz que carrego:
ou no Spotify
Cláudio Roberto galvao
Um privilégio ouvir Evaldo Braga sou escritor e estou criando um novo projeto intitulado O Rei Sol inspirado na vida do grande ídolo negro
Berg
Grande cantor brasileiro. ..Um guerreiro. .pena que se foi tão cedo. Com 27 anos. .E essa história de ter sido encontrado numa lixeira é mentira. Ele foi entregue diretamente pelo pai a pessoa que o criou. …seguramente se vive-se mais uns 10 anos. .teria se tornado imbatível em vendas de discos