Como bem falou Darcy Ribeiro, “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é projeto”. Projeto de uma elite arcaica, anti-povo e anti-nação, que faz de tudo para manter a classe trabalhadora na mais profunda ignorância para facilitar a manipulação.
Houve uma disposição maior ao diálogo e o movimento educacional teve maiores possibilidades de debater com a sociedade um Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014, após inúmeros encontros e debates de educadores, estudantes e sociedade civil organizada de todo o país. O PNE não saiu perfeito, mas criou 20 metas a serem cumpridas em 10 anos. A meta 20 trata dos investimentos em educação que seria de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2014. Até o momento apenas quatro dessas metas foram cumpridas.
Com o golpe de Estado de 2016, os ataques à educação pública se intensificaram. Já com Michel Temer o Fórum Nacional da Educação foi desmantelado com a retirada dos representantes do movimento educacional, permanecendo em grande maioria os empresários da educação.
Com o desgoverno de Jair Bolsonaro a situação degringolou. O Ministério da Educação (MEC) foi entregue a um lunático. O colombiano Ricardo Vélez Rodríguez assumiu sem conhecer o Brasil com o projeto de desmontar todos os avanços dos últimos anos para preparar o terreno da privatização. Não resistiu aos embates que causou tanto à esquerda quanto à direita.
Foi substituído pro Abraham Weintraub. O desastre aumentou. Weintraub mostra total desconhecimento do setor e vive fazendo piadinhas extramente infelizes com assuntos da maior seriedade. Colaborou com os cortes ao MEC, promove o sucateamento das universidades federais, procura liquidar com todos os programas de inclusão em todos os níveis de ensino, retirou cerca de R$ 6 bilhões da educação e devido à pressão popular foi revendo os cortes, mas ainda deve R$ 1 bilhão.
E como o projeto é a destruição da educação, o MEC promove o desmonte das escolas, desvaloriza cada vez mais as professoras e professores e zomba desse pouco caso com a questão pública. Para esse desgoverno, as filhas e os filhos da classe trabalhadora não podem desejar melhorar de vida através dos estudos.
Mais que isso, o desgoverno avança com o projeto de militarização das escolas. Isso significa que estão preocupados somente em impedir o desenvolvimento pleno das crianças e jovens. Trabalham com a proposta de oprimir o pensamento, a inteligência e acabar com a liberdade, tão essencial para um aprendizado qualitativo que promova a inclusão dos menos favorecidos economicamente e dos que possuem alguma deficiência.
O projeto de aprofundar a crise na educação está a todo vapor. Já durante o desgoverno do golpista Temer, retirou-se os royalties do pré-sal e do Fundo Social do Petróleo da educação. Só com isso, a educação pública perdeu um volume de dinheiro que poderia alavancar uma melhoria jamais vista no país.
Já a dupla Weintraub-Bolsonaro atua para entregar o dinheiro público aos barões da educação. Com isso, as filhas e filhos da classe trabalhadora podem ficar sem escola. O PNE foi abandonado e articula-se a doutrinação da juventude através da escola sem partido, que nada mais é do que a escola do pensamento único, autoritário e conservador.
Portanto, se você trabalhadora e trabalhador quer um futuro digno para os seus filhos, um país onde se possa viver com decência, com liberdade, onde se possa andar nas ruas sem medo, lute. Defender a educação pública é defender um futuro digno para todas e todos.
Francisca Rocha é Secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), secretária de Saúde da Confederação Nacionaldo Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB-SP).