Durante muito tempo, comemorou-se o 13 de maio como data maior para os afrodescendentes no Brasil, pois foi nesse dia, em 1888, que a princesa Isabel pôs fim à escravidão.
Acabou com a escravidão, mas não com os negros brasileiros. Por que afirmo isso? Porque sempre nos foi ensinado que os imigrantes europeus vieram para o Brasil substituir a mão de obra escrava africana.
Por que substituir? Os negros foram mortos? Expulsos do Brasil? Não. O problema é que o estado brasileiro subsidiava a vinda de europeus, mas não a introdução dos negros no mercado de trabalho.
Nesse período, segunda metade do século XIX, havia uma teoria antropológica que tentava explicar o subdesenvolvimento com base na mistura de raças.
Ou seja, o Brasil era subdesenvolvido porque sua população era resultado da miscigenação de três raças: o nativo (índio), o branco (europeu) e o negro (africano).
A teoria sustentava que só nos tornaríamos uma grande potência quando a raça branca se tornasse única em nossa sociedade. E que isso ocorreria quando não houvesse a miscigenação.
A eugenia, teoria que busca produzir uma seleção nas coletividades humanas com base em leis genéticas, influenciou muitas pessoas no Brasil, principalmente as que tinham o poder político.
Em razão disso, os imigrantes europeus receberam do estado brasileiro mais apoio do que os escravos libertados. Na realidade, o que se pretendia na época era ‘branquear’ a sociedade brasileira.
Essa discussão é levantada hoje exatamente pela existência do dia 20 de novembro, data da morte de um dos lideres do quilombo de Palmares, maior exemplo da resistência do negro à escravidão.
O dia da consciência negra é importante para compreendermos o presente, aprendendo com o passado e melhorando o futuro. Salve essa data fundamental para o entendimento de nossa história.
Zoel Garcia Siqueira é professor, formado em sociologia e presidente do Sindserv (sindicato dos servidores municipais) Guarujá