PUBLICADO EM 29 de out de 2019
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Sindicalismo presta homenagem à Santo Dias, morto pela ditadura

O ato no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, nesta segunda, 28, em homenagem ao operário e líder sindical Santo Dias, morto há 40 anos, em 30 de outubro de 1979, pela ditadura militar, durante greve de campanha salarial da categoria, foi representativo.

Foto: Jaélcio Santana

Com presenças de presidentes das centrais sindicais, da diretoria do Sindicato, assistentes, funcionários, trabalhadores e dirigentes metalúrgicos, convidados de outras categorias, lideranças sociais e políticas, o evento contou com a interpretação de sucessos da MPB, pelo músico Luiz Henrique Gonçalves, audiovisual, descerramento de placa de homenagem, leitura da biografia de Santo Dias, depoimentos e foto histórica com os companheiros que participaram do movimento grevista de 1979.

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, da CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes lembrou que muitos foram mortos, perseguidos, exilados e torturados. “Tentaram acabar com a luta através da perseguição. Mas estamos aqui, com maturidade, pela memória de Santo Dias, em nome também de tantos outros companheiros, como Manoel Fiel Filho e Newton Cândido, para reafirmar que as lutas do passado ressurgem sempre.

Foto: Jaélcio Santana

O sindicalistas lembrou ainda que hoje o movimento sindical está enfrentando os ataques aos direitos da classe trabalhadora e à democracia com uma forte união com os movimentos sociais e demais setores progressistas da sociedade em defesa do Brasil. “Este ato foi muito oportuno, relevante e histórico”, diz Torres.

O ato foi conduzido pelos diretores Jorge Carlos de Morais, o Arakém, secretário-geral do Sindicato, e João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, com leitura da biografia de Santo Dias feita pela diretora Leninha, do Sindicato, e mensagens dos seguintes convidados: Vicente Garcia (Comitê Santo Dias), Emanoel Melato (Intersindical), Ubiraci Dantas (CGTB), Antônio Carlos Cordeiro (Intersindical), Valclécia de Jesus Trindade (Força Sindical), Paulinho da Força (Deputado Federal), Luiz Carlos Prates, Mancha (Conlutas), Pedro Pedrini (Pastoral Operária), Luiz Gonçalves (Nova Central), Ronaldo Leite (CTB), Sérgio Nobre (CUT), Sofia Dias Batista (Fórum dos Anistiados e Anistiadas de SP) e Eduardo Suplicy (vereador).

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Também presentes: o ex-ministro de Direitos Humanos Paulo Vannuchi e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos, José Pereira dos Santos.

Biografia Santo Dias

Santo Dias da Silva nasceu em Terra Roxa, interior de São Paulo, em 22 de fevereiro de 1942. Filho de lavrador, colono, meeiro, foi expulso junto com a família das terras onde era colono por exigir registro em carteira profissional de acordo com a lei para o trabalhador rural em 1961.
Expulso do campo, veio para a cidade de São Paulo, onde se tornou metalúrgico. Trabalhou por dez anos na fábrica Metal Leve, Santo Amaro, como motorista de empilhadeira. Depois trabalhou na Bristan, entre 1970 e 1973. Foi demitido por participar da campanha salarial neste mesmo período.
Em 1976 foi demitido da MWM por desenvolver forte atividade sindical, participando da formação da Comissão de Trabalhadores daquela fábrica. Entre 1977 e 1978, voltou a trabalhar na Metal Leve, como inspetor de qualidade. Foi demitido por ser candidato a vice-presidente, na chapa de oposição, nas eleições do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Depois disso, trabalhou na metalúrgica Alfa, onde participou de uma greve por falta de pagamento. Também na Alfa liderou a greve contra um advogado da empresa, Cássio Scatena, que matou a sangue frio o operário Nelson Pereira de Jesus no dia 10 de outubro de 1978. Por isso, Santo foi demitido.
Em janeiro de 1979 começou como inspetor de qualidade na fábrica Filtros Mann. Santo ficou nesta fábrica até ser assassinado pela polícia militar, em 30 de outubro de 1979, aos 37 anos, por participar da greve de campanha salarial da categoria. Além de sindicalista, Santo foi membro ativo das Comunidades Eclesiais de Base, da Pastoral Operária e representante leigo perante a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
No dia 31 de outubro de 1979, seu enterro tornou-se um ato político que reuniu cerca de 30 mil pessoas. Foi uma grande manifestação de indignação contra a morte do líder operário, pelo livre direito de associação sindical e de greve e de resistência contra a ditadura militar.

Fonte: CNTM

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