É alta a taxa de rejeição à indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à embaixada brasileira nos Estados Unidos: 72,7% dos brasileiros apontam a nomeação como inadequada, contra 21,8% favoráveis. Assim informa a pesquisa de opinião divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), em parceria com o Instituto MDA, nesta segunda-feira 26.
Segundo o relatório do estudo, os pesquisadores perguntaram aos entrevistados: “Na sua opinião, o presidente Jair Bolsonaro indicar um dos seus filhos (o deputado federal Eduardo Bolsonaro) à Embaixada do Brasil nos Estados Unidos é uma postura: 1) Adequada, pois o presidente tem a prerrogativa de indicar qualquer pessoa para esse cargo; 2) Inadequada, pois o presidente não deveria nomear membros de sua família para cargos como esse”. Larga maioria marcou a segunda opção.
A pesquisa aponta que somente 5,5% dos entrevistados não souberam ou não responderam. Foram realizadas 2.002 entrevistas, entre os dias 22 e 25 de agosto, em 137 municípios de 25 Unidades da Federação.
Em 9 de agosto, a consultoria XP Investimentos divulgou uma pesquisa com resultado semelhante. Segundo os dados, 62% dos entrevistados são contrários à indicação, contra 29% a favor. O estudo foi realizado em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). Foram 1 mil pessoas entrevistadas, em idade eleitoral acima de 16 anos.
Indicação sob controvérsias
A indicação de Eduardo ainda não foi formalizada pela presidência da República. Apesar de reprovada por maior parte da população, a nomeação tem o aval do presidente americano Donald Trump e ainda precisa passar por sabatina e votação pelos parlamentares do Senado Federal.
Ainda há controvérsias entre os senadores. Um parecer da Consultoria Legislativa do Senado, que foi a público em 17 de agosto, aponta nepotismo. Outro parecer defende o contrário, de que a indicação não configuraria favorecimento indevido.
Em declaração à imprensa, Bolsonaro deu sinais de que pode desistir da nomeação de seu filho à embaixada, por medo de “fracasso”. “Eu não quero submeter o meu filho a um fracasso. Eu acho que ele tem competência. Mas tudo pode acontecer, prezado companheiro”, disse a um repórter, em 20 de agosto. No entanto, de acordo com Eduardo, não há nenhuma conversa nesse sentido e a indicação está mantida.
Em 12 de agosto, o Ministério Público Federal em Brasília (MPF-DF) entrou com uma ação civil pública contra a indicação. Em texto, o órgão pede que o governo observe critérios que integrem a carreira diplomática, como reconhecido mérito em atividades diplomáticas, relevantes serviços diplomáticos prestados ao país e ao menos três anos de experiência em atividades na área. Na falta destes requisitos, a ação solicita revogação ou sustação do trâmite.
O partido Cidadania também moveu uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a nomeação. Em documento, acusou “flagrante nepotismo” e afirmou que há “patente inexperiência e ausência de qualificação profissional”. Porém, a ação foi rejeitada pelo ministro Ricardo Lewandowski, que não analisou o mérito da indicação, mas alegou que o partido não tem legitimidade para contestar a indicação.
Diferente de todos os ocupantes do cargo deste a redemocratização, Eduardo não tem carreira diplomática e não se formou no Instituto Rio Branco. Segundo o presidente da República, seu filho tem como atribuições a fluência em inglês e espanhol, a experiência com intercâmbio nos Estados Unidos e a amizade com a família de Trump.
Fonte: Carta Capital