O papel dos sindicatos vai além da negociação coletiva, que inclui reajuste salarial, horas extras ou garantias de trabalho. O Sindicato tem um papel fundamental na saúde do trabalhador e de seus dependentes, na busca por transporte de qualidade, colônia de férias, ser um entidade participativa em conselhos municipais que garantem melhores condições de vida para a comunidade.
Quando a Reforma Trabalhista trouxe à tona a contribuição sindical, a imprensa deixou de destacar todos os outros direitos que seriam suprimidos e focou na contribuição, como se essa fosse a salvação para os trabalhadores.
Deixar de contribuir com um dia de trabalho foi só a forma de manipular a opinião pública e retirar inúmeros direitos, tão duramente conquistados.
Poucos sabem que o intuito é o enfraquecimento da representatividade, mas acima de tudo retirar direitos e fazer com que grande parte da população fique refém dos planos de saúde, de previdência privada, que tenham que pagar por férias, cursos de qualidade, entre tantos malefícios para os trabalhadores.
Ao tirar a contribuição dos sindicatos, muitas entidades acabarão também com muitos serviços, como assessoria jurídica, atendimentos odontológicos e clínicos (médico, exames, etc). O trabalhador terá que buscar como alternativa o SUS (Sistema Único de Saúde), que por sua vez enfrenta um colapso de má gestão e não terá como absorver essa demanda.
Ao enfraquecer os sindicatos, enfraquece uma categoria. Os trabalhadores ficarão à mercê de serviços públicos falidos, de uma política pública incapaz de suprir a demanda já existente e que pode ficar ainda pior.
Sindicatos atuantes enfrentavam patrões poderosos quando eram retirados direitos. Buscavam oferecer cursos de aperfeiçoamento e capacitação, línguas, computação, não pensando apenas nos trabalhadores, mas em sua família, proporcionando aprendizado também para os seus dependentes.
Mas o risco é ainda maior. Sem contribuição há sindicatos que vão desaparecer e muitos trabalhadores ficarão sem base de referência, tendo que colocar em prática o negociado sobre o legislado, numa relação de desiquilíbrio entre trabalhador e patrão. Além disso, homologações de rescisão não serão mais obrigatórias, até na hora de ser mandado embora o trabalhador ficará sem assistência.
Estamos diante de um momento em que os trabalhadores precisam se unir e lutar pelos direitos comuns. Fazer parte de um sindicato é fortalecer a luta de classe. Pois o sindicalismo é um movimento vital para organizar e representar os interesses dos trabalhadores.
Sem sindicato é uma voz a menos em defesa dos trabalhadores e de uma sociedade mais justa e humana.
Osvaldo Mafra é presidente da Força Sindical Estadual Santa Catarina