Mais difícil ainda é olhar a discussão por outro ângulo, contrário, já no campo da filantropia cultural.
Três importantes instituições do país estão fechadas: o Museu da Língua Portuguesa e o Museu do Ipiranga, em São Paulo, e o Museu Nacional, no Rio. Os dois primeiros com obras que se arrastam por anos. O último grita por uma fração das doações que ricos daqui e de fora prontamente deram para reconstruir a catedral de Notre-Dame, em Paris.
Duas listam ajudam a mostrar como vamos no plano da generosidade.
Uma é produzida pela Charities Aid Foundation, ONG britânica que tenta fomentar doações. Sua pesquisa procura listar os países onde há mais propensão a doar dinheiro ou tempo. Nesse ranking, de 144 países, o Brasil aparece em 122º —pior marca da América do Sul—, e com pontuação decrescente.
Já a Iupui, universidade de Indianápolis (EUA), produz o Índice Global de Filantropia Global. Tenta medir não a disposição das pessoas em ajudar, e sim os incentivos em cada país para que façam isso. Essa lista separa 79 países em seis categorias. O Brasil aparece na quarta faixa.
Quando isolada uma das categorias do índice, que avalia o ambiente sociocultural (a tradição em filantropia e a consciência pública sobre isso), o Brasil figura como penúltimo da América do Sul, à frente da Bolívia.
O relatório da universidade descreve o problema de maneira clara: “Historicamente, doações individuais não são tão importantes na América Latina quanto outras formas de repasse, e são muito mal distribuídas, revelando falta de cultura filantrópica, provavelmente por causa do papel central dos governos em resolver problemas sociais”.
Fonte: Folha SP