O atual programa de investimento da empresa, de R$ 13 bilhões, se encerrou. O anúncio de um novo plano – de cerca de R$ 10 bilhões, segundo fontes do setor – estaria vinculado a acordos com governos, funcionários, fornecedores e revendedores. A ideia da GM é que todos façam “sacrifícios” para garantir o futuro do grupo no Brasil, assim como na Argentina.
A GM, que se nega a comentar o assunto, também se reuniu ontem com fabricantes de autopeças e com o secretário de Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles. Na semana passada o governo paulista havia dito que estava disposto a avaliar medidas como a devolução antecipada de créditos de ICMS retidos. Na segunda-feira, porém, fonte da Fazenda disse que ele estaria relutante pois a medida abriria precedente para que outras empresas solicitassem a devolução.
Juntas, as montadoras têm entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões em poder do Estado, referentes a ICMS pago nas exportações nos últimos quatro anos. Como são isentas do tributo, elas têm direito à devolução. Há um calendário para o pagamento entre 2018 e 2020, mas o do ano passado não foi cumprido na totalidade. Já um executivo que esteve na reunião com fornecedores de peças afirmou não ter visto “nenhuma boa vontade dos presentes em colaborar, pois o problema da GM é má gestão”.
Inegociável
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, disse que a redução do piso para novos funcionários seria de R$ 1,78 mil para R$ 1,6 mil. A proposta inclui mais de 20 itens e foi apresentada ontem aos funcionários que retornaram de férias coletivas.
Segundo Cidão, o corte do piso é “inegociável”, pois já houve acordo nessa linha em 2017. O novo piso salarial que a GM pede em São Caetano é o mesmo proposto aos trabalhadores de São José dos Campos, mas lá o porcentual de corte é maior, de 30%, pois piso é de R$ 2,3 mil. Sindicalistas dessas duas fábricas também afirmam ser contrários à redução de direitos.
Entre os principais pontos da proposta estão também o fim da estabilidade para trabalhadores com doenças profissionais, fim do transporte fretado e congelamento da participação nos resultados. Sem dar detalhes, Cidão diz que há itens que podem ser negociados no acordo coletivo que vence em 2020. Nos próximos dias haverá novos encontros com sindicalistas das três fábricas de carros. A GM tem ainda duas plantas de autopeças em Mogi das Cruzes (SP) e Joinville (SC). As negociações ocorrem mais de uma semana após a empresa enviar comunicado aos funcionários com ameaças de deixar o Brasil caso não volte a ser lucrativa em 2019, após três anos de prejuízos.
Fonte: O Estado de S.Paulo