Quando se leva um coice ou quando se sofre uma queda junto com a dor e o susto procura-se diminuir os danos. Depois é que se tenta entender a agressão e o acidente.
Se havíamos considerado a agenda unitária dos trabalhadores e seus 22 pontos como a nossa pedra de toque programática nestas eleições é forçoso reconhecer que a esmagadora maioria dos eleitores passou ao largo dela ou a desautorizou. Sofremos uma grave derrota que pode ser avaliada pelos resultados gerais do primeiro turno e pela renovação nas Assembleias Legislativas, na Câmara e no Senado que foi contra nós.
A massa do eleitorado, muitas vezes maior do que a massa dos trabalhadores formais sindicalizados, desprezou as indicações dos dirigentes e fez pouco caso, por exemplo, das agressões aos direitos trabalhistas (carteira de trabalho verde e amarela), ao 13º salário e à valorização do salário mínimo.
Os milhões de trabalhadores informais, desempregados e desalentados deram respaldo, como eleitores, a candidatos e a programas contrários aos direitos e conquistas do movimento sindical, que elegeu muito poucos aliados ou ativistas.
Para as batalhas no segundo turno que se travam por cargos executivos, já que os legislativos se resolveram no primeiro turno, é imprescindível que se compreenda este paradoxo e se procure convencer milhões de trabalhadores dos perigos a que se expõem com sua votação alienada.
Os candidatos devem insistir em suas campanhas no atendimento às reivindicações dos trabalhadores e às expectativas de segurança que a própria disputa eleitoral suscitou.
O quadro resultante da onda conservadora do primeiro turno e que se projeta sobre a atual e a futura legislatura acrescenta à luta dos trabalhadores inúmeras dificuldades.
Não se pode descartar, por exemplo, a tentação de se votar a deforma previdenciária ainda este ano como haviam denunciado as oito centrais sindicais unidas em nota publicada no dia 2 de outubro.
Além disso, as campanhas salariais em curso ou que ainda se darão no segundo semestre sofrerão com a intransigência patronal recrudescida e que pode até mesmo tentar reverter os resultados positivos anteriores.
A Força Sindical, atenta ao debate eleitoral, procura firmar seu apoio a Fernando Haddad e a Marcio França, em São Paulo, exigindo deles compromissos com a pauta unitária e abertura de suas campanhas à presença sindical. Este exemplo deve ser seguido por todas as centrais no preocupante quadro político e eleitoral que as votações confirmaram.