
Praia do Boqueirão em Santos-SP/Foto RPB A intensa onda de calor atinge o Sudeste e Sul do Brasil. Entenda os impactos e os cuidados necessários para a saúde.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mantém ativo o alerta vermelho — o nível máximo de risco — para a intensa onda de calor que atinge grandes áreas das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país. O aviso segue válido até a próxima segunda-feira (29) e indica temperaturas cerca de 5 °C acima da média histórica por mais de cinco dias, com alta probabilidade de danos, acidentes e risco à vida.
Estão integralmente sob alerta vermelho os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. O aviso também alcança o Norte do Paraná (Londrina e Curitiba), o Sul de Minas Gerais (Uberaba, Varginha e Juiz de Fora), o Leste do Mato Grosso do Sul (Três Lagoas) e o Sul do Espírito Santo (Cachoeiro de Itapemirim).
Bloqueio atmosférico intensifica o calor
Segundo o Inmet, o episódio é provocado por um bloqueio atmosférico, fenômeno que impede a chegada de frentes frias e mantém o ar quente e seco estacionado sobre o território. Com isso, as máximas se elevam de forma persistente, sobretudo em áreas urbanas.
De acordo com o Ministério da Saúde, o impacto é ainda maior nas cidades por causa do efeito de ilha de calor, no qual a concentração de concreto, asfalto e edificações retém calor, elevando as temperaturas locais.
Previsão por estado
- São Paulo: todo o estado em grande perigo; máximas entre 34 °C e 35 °C. Na capital, há chance de pancadas de chuva e trovoadas isoladas à tarde.
- Rio de Janeiro: todo o estado em grande perigo; máximas podem chegar a 39 °C, com possibilidade de chuva isolada à tarde.
- Espírito Santo: sul do estado em alerta; 34 °C em Cachoeiro de Itapemirim, sem chuva.
- Goiás: sul do estado com forte calor; 34 °C em Itumbiara, sem chuva.
- Minas Gerais: Triângulo Mineiro com calor intenso; 33 °C em Uberlândia, sem chuva.
- Mato Grosso do Sul: leste do estado sob calor extremo; 36 °C em Três Lagoas.
- Paraná: noroeste e região central com calor; 31 °C em Curitiba e até 34 °C em Londrina, com chance de chuva e trovoadas.
- Santa Catarina: norte do estado em alerta; 32 °C em Joinville.
Quando o corpo entra em falência térmica
Com temperaturas acima de 35 °C, especialmente associadas à alta umidade, o corpo humano passa a operar no limite. O clínico geral Luiz Fernando Penna, coordenador do pronto atendimento do Hospital Sírio-Libanês, alerta para o risco de falência térmica — uma emergência médica caracterizada por confusão mental, fala arrastada, pele quente e seca e temperatura corporal acima de 40 °C.
“O organismo tenta compensar aumentando a sudorese, acelerando os batimentos cardíacos e dilatando os vasos sanguíneos. Esses mecanismos têm limite; quando falham, instala-se a falência térmica”, explica o médico. Ele ressalta que o impacto do calor é frequentemente subestimado e pode causar quedas de pressão, desidratação grave e colapso térmico.
O risco é maior entre idosos, crianças, gestantes, pessoas com doenças crônicas (hipertensão, insuficiência cardíaca, diabetes, Dpoc, doença renal) e população em situação de rua. Quem utiliza diuréticos, anti-hipertensivos, antidepressivos, anticolinérgicos e antipsicóticos deve redobrar a atenção, pois alguns medicamentos interferem na regulação térmica.
Sinais de alerta
- Transpiração excessiva
- Fraqueza e tontura
- Náuseas e dor de cabeça
- Cãibras musculares
- Diarreia
Diante desses sintomas, a orientação é procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima.
O que fazer para se proteger
O Ministério da Saúde recomenda medidas simples, porém decisivas:
- Hidratação constante (evite álcool, que acelera a desidratação);
- Roupas leves e claras;
- Evitar exposição entre 10h e 16h;
- Ambientes ventilados;
- Refeições leves;
- Uso criterioso de ventiladores e ar-condicionado, sem exagerar no frio para evitar choque térmico;
- Evitar banhos gelados, que podem provocar efeito rebote e aumentar a produção de calor pelo corpo.
Trabalhadores expostos ao calor — como construção civil, entregadores e coleta de lixo — devem realizar pausas frequentes nos horários mais quentes.
Em caso de emergência, acione o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) pelo 192.
“Não existe adaptação completa a ondas de calor extremas e repetidas”, conclui Penna. “Reconhecer precocemente os sinais e evitar situações de risco é fundamental para prevenir o colapso.”
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