PUBLICADO EM 23 de dez de 2025

Padre Júlio diz que há conspiração contra trabalho da Pastoral de Rua

Padre Júlio fala sobre os ataques à Pastoral de Rua e a importância do trabalho social na missa dominical.

Padre Júlio Lancelotti. Foto: Agência Brasil

Padre Júlio Lancelotti. Foto: Agência Brasil

Em sua primeira missa dominical após ser proibido pela Arquidiocese de São Paulo de transmitir celebrações pela internet, o Padre Júlio Lancellotti afirmou, neste domingo (21), que as ações da Pastoral de Rua, voltadas ao atendimento de pessoas em situação de rua, vêm sendo alvo de conspiração.

Ao final da celebração, após relatar uma série de atividades desenvolvidas pela pastoral, o religioso expressou preocupação com os ataques ao trabalho social realizado.

“Eu não sei o que vai acontecer nas próximas semanas, porque, assim como nós nos juntamos para dizer que somos irmãos, muitos se juntam também para conspirar contra. Assim como nós nos juntamos para rezar, outros se organizam para conspirar, para destilar o seu ódio”, afirmou.

Em outro momento, Padre Júlio criticou a falta de conhecimento daqueles que atacam as iniciativas sociais.

“O que é interessante é que os que atacam não conhecem a história, não sabem tudo o que foi vivido”, disse.

O sacerdote destacou ações desenvolvidas no Centro Santa Dulce, na Casa Santa Virgínia e na Casa Nossa Senhora das Mercês, ressaltando que todas estão abertas à visitação.

“Quem quer saber o que é feito é só visitar os trabalhos. É só ir a uma das casas”, declarou.

Ele também enfatizou que as atividades são mantidas exclusivamente por doações da sociedade.

“O pão que é feito na padaria, mantida pela doação de todos — onde são produzidos cerca de dois mil pães, distribuídos em vários locais —, nada disso é custeado pelo poder público ou por qualquer outra instância. É a boa vontade de todos”, afirmou.

Durante a homilia, Padre Júlio voltou a manifestar apoio a grupos historicamente discriminados, como pessoas em situação de rua, trabalhadores sem terra, povos indígenas, população negra, mulheres e o povo palestino.

“Até o fim, estaremos com aqueles que lutam pela terra, pelos povos indígenas, pelas mulheres, pelos negros, por todos os que são discriminados, pela Palestina livre. Mesmo que sejamos diminuídos, alvejados e feridos, mesmo machucados e sangrando, nós amaremos até o fim”, destacou.

Sobre o caso

No último domingo (14), Padre Júlio Lancellotti anunciou, durante missa na Paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, em São Paulo, o encerramento das transmissões da celebração pela internet. Embora não tenha detalhado os motivos naquele momento, a suspensão ocorreu por determinação da Arquidiocese de São Paulo, conforme informou a jornalista e voluntária Denise Ribeiro, que atua com o religioso, afirmando que a orientação partiu diretamente do arcebispo Dom Odilo Scherer.

Diante da repercussão, Padre Júlio divulgou nota na terça-feira (16) reiterando que a suspensão é temporária e esclarecendo que as missas seguem sendo celebradas presencialmente aos domingos, às 10h. Ele também desmentiu rumores sobre uma possível transferência da paróquia, onde atua há quatro décadas. Em declaração à Agência Brasil, o sacerdote afirmou receber a decisão “com resiliência e conformidade”. Procurada, a Arquidiocese de São Paulo não respondeu aos contatos da agência; o espaço permanece aberto para manifestação.

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