PUBLICADO EM 11 de nov de 2025

Fim da escala 6×1 é defendida por frentistas em audiência

Saiba mais sobre as alternativas para o fim da escala 6×1 e a luta por uma jornada de trabalho de 36 horas semanais.

O seminário sobre o fim da escala 6x1 reuniu trabalhadores e líderes para discutir jornadas de 36 horas por semana. Foto: MTE.

O seminário sobre o fim da escala 6×1 reuniu trabalhadores e líderes para discutir jornadas de 36 horas por semana. Foto: MTE.

Nesta segunda (10), foi realizado o seminário “Alternativas para o fim da escala 6×1”, promovido pela Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados.

Representaram os trabalhadores frentistas:

  • o presidente da Fenepospetro, Eusébio Neto;
  • Luiz Arraes, presidente da Federação paulista (Fepospetro) e do Sindicato de Osasco;
  • e William Ferreira, diretor do Sindicato da categoria em Brasília.

A audiência reuniu sindicatos, trabalhadores, empregadores, parlamentares e autoridades. Dirigentes defenderam o direito ao descanso, a jornada de 36 horas semanais e a extinção da escala 6×1, regime que impõe exaustão física e emocional à classe trabalhadora.

Fortalecimento do movimento sindical

Luiz Arraes e William Ferreira defenderam o fortalecimento do movimento sindical e do direito à jornada justa. Arraes alertou para o avanço de discursos que buscam deslegitimar e enfraquecer as entidades sindicais, tratando-as como inimigas em vez de reconhecê-las como parte essencial da democracia. Ele afirmou que:

“Há setores que querem criminalizar o movimento sindical e colocar todos no mesmo balaio. Mas o trabalhador nunca veio ao Parlamento para impor nada. Sempre viemos para debater, dialogar e construir. A CLT só nasceu porque foi imposta em um tempo de ditadura; se dependesse do debate parlamentar, não teríamos conquistado nada. Por isso, se não houver imposição, não passa”.

Ele lembrou, ainda, que a jornada de 44 horas semanais também foi fruto de luta e resistência.

Na mesma linha, William abordou com indignação a realidade dos frentistas e a falsa ideia de “livre negociação” entre patrões e empregados:

“Não existe negociação quando o outro lado não quer negociar. O setor patronal não quer que o trabalhador evolua como ser humano. O regime 6×1 é um regime escravocrata disfarçado. Querem que gerações inteiras de frentistas continuem presas ao mesmo ciclo de exploração”.

William também rebateu a comparação entre a produtividade do trabalhador brasileiro e a de países desenvolvidos:

“Querem comparar o Brasil com países que investem em qualificação e tecnologia, mas aqui o patrão não investe nem em gente nem em equipamento. E ainda culpam o trabalhador. Nós produzimos muito, o que falta é respeito e vontade política para reconhecer isso.”

Luiz Marinho

O seminário reforçou que o fim da 6×1 não é apenas uma mudança na escala de trabalho, mas uma questão de dignidade, saúde e justiça social. A luta pela redução da jornada é, mais uma vez, o símbolo da resistência de quem faz o País funcionar todos os dias, mas ainda luta para conquistar tempo para viver.

Luiz Marinho, Ministro do Trabalho e Emprego, que também participou do Seminário, lembrou que a classe patronal teve postura semelhante em 1988, quando a Constituição reduziu a jornada de 48 pra 44 horas semanais:

“Se não tiver imposição legal, vamos atravessar mais um século com trabalhadores presos à mesma regra. Quando reduziram a jornada, disseram que o mundo ia acabar, e isso não ocorreu”, afirmou.

Eusébio Neto

O presidente da Fenepospetro, Eusébio Neto, celebrou a adesão do governo à pauta:

“Marinho deu declarações anteriores que atrapalharam o andamento do tema no Congresso. Felizmente, houve uma mudança de postura, e agora ele e o governo tratam a questão com a urgência que merece”.

Eusébio explica que a reivindicação se baseia nos avanços tecnológicos das últimas décadas, como a automação e a Inteligência Artificial, que garantiram mais produtividade aos empregadores. O dirigente, entretanto, mostrou-se confiante com a possibilidade de a redução da jornada e o fim da escala 6×1 possam ser analisados pelo Congresso no ano que vem. Mas pondera:

“Tem que ser no início da agenda legislativa, e com muita pressão popular. O movimento sindical poderia, inclusive, propor uma greve geral pra chamar atenção ao tema. Sem a força das ruas, não avançaremos”.

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