PUBLICADO EM 09 de jul de 2018
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Resgate dos meninos na Tailândia

O que tornou possível que as operações de resgate pudessem ser adiantadas, segundo a equipe de resgate, foi a diminuição das chuvas e do nível da água – depois que foram drenados 128 milhões de litros do local. Os socorristas vêm tentando escoar água para fora do local e, segundo o líder da operação, o nível de água lá dentro é o mais baixo registrado até agora. “Não há dia em que estejamos mais preparados do que hoje”, disse Narongsak Osottanakorn, chefe das operações.

O bem-sucedido resgate de oito dos 12 meninos que estavam presos em uma caverna na Tailândia desde 23 de junho – foram quatro resgatados só nesta segunda-feira – renovou as esperanças de que todo o grupo possa, enfim, sair são e salvo de lá. O sucesso da operação até agora criou, além disso, a perspectiva de que a missão que poderia ter levado meses para acontecer possa ser concluída, com êxito, em apenas alguns dias – tempo muito menor do que o previsto inicialmente.

Nos primeiros planos sobre a operação, autoridades locais e especialistas pensaram em manter o grupo dentro da caverna até o fim do período de monções na região – chegou-se a cogitar que eles teriam de esperar até quatro meses pelo resgate no local. Mas a estação mais chuvosa no país está apenas começando e há possibilidade de a enchente que os deixou presos na caverna piorar nos próximos dias.

O que tornou possível que as operações de resgate pudessem ser adiantadas, segundo a equipe de resgate, foi a diminuição das chuvas e do nível da água – depois que foram drenados 128 milhões de litros do local. Os socorristas vêm tentando escoar água para fora do local e, segundo o líder da operação, o nível de água lá dentro é o mais baixo registrado até agora. “Não há dia em que estejamos mais preparados do que hoje”, disse Narongsak Osottanakorn, chefe das operações.

Mergulhadores conseguiram retirar nesta segunda-feira mais quatro garotos do complexo de cavernas em que estavam presos na Tailândia, de acordo com informações da Marinha do país. Com isso, oito dos 13 integrantes do grupo já foram resgatados. Continuam no local outros quatro meninos e o técnico de futebol deles, de 25 anos.

De acordo com uma fonte ligada à operação, todos os garotos salvos nesta segunda apresentam boas condições de saúde. A operação foi novamente pausada para que os socorristas descansem, planejem a próxima etapa e tenham os cilindros de ar substituídos. O plano da equipe é que os demais sejam retirados na terça-feira. Quatro dos meninos foram resgatados no domingo e encaminhados a um hospital local – segundo autoridades, eles estavam bem.

No total, 90 mergulhadores estão envolvidos na operação de resgate – 40 tailandeses e 50 estrangeiros. A missão é considerada de alto risco, e foi antecipada devido ao perigo de as águas voltarem a subir com novas chuvas que atingem a área.

Existe a preocupação das autoridades, no entanto, de não gerar falsas esperanças. Afinal, as informações mais atualizadas apontam que ainda falta resgatar com sucesso quatro crianças e o treinador delas.

Até agora, não foram reveladas as identidades das crianças que já foram salvas – nem mesmo a seus pais.

A BBC procurou profissionais do seu serviço mundial na Tailândia para entender motivações culturais que podem estar por trás de tamanha cautela na divulgação de informações.

Há pelo menos três – entenda abaixo.

Respeito
Osottanakorn deixou bastante claro, depois que a primeira fase de resgate terminou “com muito mais êxito que o esperado” -, que a identidade das crianças resgatadas não seria revelada por respeito às famílias cujos filhos continuam presos.

Os parentes ficam todos juntos em um acampamento montado na entrada da caverna. As autoridades não querem que, enquanto alguns celebram a alegria de ver suas crianças salvas, outros vivam a angústia de seguir minuto a minuto o restante das operações.

Desde que se ficou sabendo do desaparecimento de 12 adolescentes e seu treinador, o povoado mais próximo da caverna, Maesai, ficou muito unido.

Voluntários têm se oferecido para ajudar com alimentos e apoio psicológico às famílias dos jovens, além de terem arrecadado dinheiro para ajudar os parentes que precisaram se ausentar do trabalho para acompanhar as operações.

Controle da informação
As autoridades tailandesas também querem estabelecer um “cordão sanitário” para evitar o vazamento de informações que possa prejudicar o resgate ou atingir a sensibilidade das famílias.

O acesso de celulares no acampamento, por exemplo, está restrito a alguns membros da equipe de resgate. As informações também são compartilhadas apenas com um grupo reduzido de pessoas.

Também há uma preocupação com o trabalho da imprensa. No domingo, Narongsak Osottanakorn criticou a atuação de alguns veículos que fizeram escutas na comunicação da polícia via rádio e que usaram drones para acessar áreas restritas.

Os pais das crianças seguem a orientação das autoridades e também se mantêm reservados.

Gratidão

Existe um ditado tailandês que diz: “Evitarás ofender a quem te ajuda pedindo mais do que este lhe dá.”

Por isso, segundo profissionais do serviço tailandês da BBC, os pais que aguardam o resgate dos filhos não pedem mais informações do que as que lhes são oferecidas, conscientes dos esforços empreendidos pelas autoridades e equipes de resgate.

O povo tailandês, conhecido por ser modesto e respeitoso, valoriza enormemente a mobilização destes agentes e não quer comprometer o andamento das operações pedindo mais informações.

Nesta cultura, é um sinal de agradecimento aceitar o que é dado sem fazer perguntas.

Sem contato

Ainda de acordo com o chefe da equipe de resgate, até mesmo o contato físico dos jovens resgatados com os entes queridos seria evitado até que um risco de infecção tivesse passado, embora possa ser permitido que eles se vejam à distância ou por meio de uma proteção de vidro.

Segundo a equipe de meteorologistas da BBC Weather, há previsões de tempestades tropicais na região próxima à caverna nos próximos dias.

O plano para a próxima fase, segundo Osottanakorn, é trazer mais quatro garotos. Dessa forma, apenas o técnico ficaria mais algumas horas dentro da caverna.

Quem são os garotos e o treinador presos na caverna?

Os garotos fazem parte do time de futebol Wild Boars e têm entre 11 e 17 anos. Acredita-se que eles foram para a caverna no dia 23 de junho, após um treino, para comemorar o aniversário de um dos colegas. Teriam levado apenas alimentos básicos e acabaram presos por causa da inundação. Quatro integrantes do grupo foram resgatados no domingo, mas as identidades deles não foram reveladas:

Chanin Vibulrungruang, 11 (Apelido: Titan) – começou a jogar futebol aos 7 anos de idade;
Panumas Sangdee, 13 (Apelido: Mig) – escreveu aos pais: “A Navy Seals (a força de operações especiais da Marinha) está cuidando bem de mim”;
Duganpet Promtep, 13 (Apelido: Dom) – capitão do time de futebol. Estaria sendo sondado por vários clubes profissionais da Tailândia;
Somepong Jaiwong, 13 (Apelido: Pong) – sonha em jogar na seleção tailandesa;
Mongkol Booneiam, 13 (Apelido: Mark) – descrito pelo professor como “um bom garoto e muito respeitoso”;
Nattawut Takamrong, 14 (Apelido: Tern) – disse aos pais que não se preocupem com ele;
Ekarat Wongsukchan, 14 (Apelido: Bew) – prometeu à mãe que a ajudaria uma vez que fosse resgatado;
Adul Sam-on, 14 – membro de uma equipe de vôlei classificada em segundo lugar em um torneio no norte da Tailândia;
Prajak Sutham, 15 (Apelido: Note) – descrito por amigos da família como um “rapaz inteligente e tranquilo”;
Pipat Pho, 15 (Apelido: Nick) – pediu aos pais, na carta, que o levem para comer churrasco quando for resgatado;
Pornchai Kamluang, 16 (Apelido: Tee) – disse aos pais: “não se preocupem, eu estou muito feliz”;
Peerapat Sompiangjai, 17 (Apelido: Night) – completava ano no dia em que o grupo entrou na caverna para comemorar e os pais dizem que o esperam agora para fazer sua festa de aniversário;
Treinador assistente Ekapol Chantawong (apelido: Ake), de 25 anos – em carta aos pais dos garotos, pediu desculpas pelo ocorrido, mas eles responderam que não o culpavam.

Fonte: BBC Brasil

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