Lançada em 1985, Televisão já falava da alienação que a tecnologia aliada à indústria cultural e do entretenimento produz na sociedade. A disseminação da televisão nas casas populares produziu uma mudança de comportamento marcada pela pasteurização do senso comum, pelo aprisionamento voluntário, pelo enfraquecimento das defesas pessoais e pelo rebaixamento intelectual.
A música dos Titãs é clara: “a televisão me deixou burro”; “todas coisas que eu penso me parecem iguais”; “o sorvete me deixou gripado pelo resto da vida”; “a luz do sol me incomoda” e “agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais”.
Ela fala também sobre esta nova forma de conhecer o mundo, a televisão, e até da intimidade com o que é veiculado. Desta forma ele pede para o “Cride”, que é um personagem do programa de Ronald Golias, avisar sua mãe ‘que tudo que a antena captar” seu coração captura.
Hoje a música ainda faz muito sentido. Mas ela deve ser interpretada à luz da internet, dos smartphones e redes sociais que fazem a cabeça não só dos jovens, mas de todo o povo. E isso é tão forte que “cérebro podre” foi considerada a expressão de 2024. Termo antigo, criado em 1854, quando o capitalismo começava a produção industrial em massa, “cérebro podre”, segundo o G1, é a deterioração mental ou intelectual causada pelo consumo excessivo de conteúdos superficiais e pouco desafiadores, principalmente os de redes sociais. É sobre isso que fala a música Televisão.
Televisão
Composição: Tony Bellotto, Marcelo Fromer e Arnaldo Antunes/1985
Intérprete: Os Titãs
A televisão me deixou burro
Muito burro demais (ô, ô, ô)
Agora todas coisas que eu penso
Me parecem iguais (ô, ô, ô)
O sorvete me deixou gripado
Pelo resto da vida
E agora, toda noite quando deito
É boa noite, querida
Ô Cride, fala pra mãe
Que eu nunca li num livro
Que o espirro fosse um vírus sem cura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura
Ô Cride, fala pra mãe
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa
Mas eu não faço nada (ô, ô, ô)
A luz do Sol me incomoda
Então deixa a cortina fechada (ô, ô, ô)
É que a televisão me deixou burro
Muito burro demais
E agora eu vivo dentro dessa jaula
Junto dos animais
Ô Cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar meu coração captura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura
Ô Cride, fala pra mãe
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa
Mas eu não faço nada (ô, ô, ô)
A luz do Sol me incomoda
Então deixa a cortina fechada (ô, ô, ô)
É que a televisão me deixou burro
Muito burro demais
E agora eu vivo dentro dessa jaula
Junto dos animais
E eu digo: Ô Cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar meu coração captura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura
Ô Cride, fala pra mãe
Fonte: Centro de Memória Sindical