PUBLICADO EM 10 de dez de 2024
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Metalúrgicos do ABC com Deficiência ampliam diálogo com governo federal sobre mundo do trabalho

Metalúrgicos do ABC com Deficiência: entenda os desafios enfrentados e saiba como promover a inclusão e valorizar a diversidade.

Metalúrgicos do ABC com Deficiência ampliam diálogo com governo federal sobre mundo do trabalho

Foto: Adonis Guerra

A atividade ‘Mundo do Trabalho da Pessoa com Deficiência’ reuniu na manhã de ontem na Sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, a categoria para dialogar junto à secretária Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Anna Paula Feminella, os desafios das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e o foco claro na inclusão e apoio à diversidade retomadas na agenda de direitos humanos do governo federal.

O vice-presidente do Sindicato, Carlos Caramelo, contou que essa é uma decisão dos Metalúrgicos do ABC de defenderem a inclusão e trabalho para todos.

“Esse governo federal e o Sindicato têm no seu DNA a pauta contra o fascismo e são a favor das liberdades individuais das mulheres e das pessoas com deficiência”.

Comissão

O Sindicato celebrou ainda a posse do novo coordenador da Comissão dos Metalúrgicos do ABC com Deficiência e trabalhador na Volks, em São Bernardo, Cristiano Rodrigues dos Santos.

“É urgente e necessária uma reflexão sobre as demandas, conquistas, avanços, mas também sobre as lutas ainda a serem realizadas pela garantia dos direitos das pessoas com deficiência”.

Sebastião Ismael de Sousa, o Cabelo, agora ex-coordenador da Comissão e presidente da ABEA (Associação Brasileira de Emprego Apoiado), agradeceu a oportunidade de estar tantos anos na luta pelos metalúrgicos e metalúrgicas com deficiência.

“O que eu aprendi aqui, não existe em nenhuma universidade”, afirmou o dirigente.

Participaram ainda sindicatos da região; o deputado estadual (PT) Teonílio Barba; representantes da Superintendência Regional do Trabalho de São Paulo; ITS Brasil (Instituto de Tecnologia Social); e ABEA.

“Eu sempre militei na questão das mulheres, participei da Federação [Estadual dos Metalúrgicos de São Paulo], mas quando tomamos noção do que são todas essas Comissões, como a dos Metalúrgicos do ABC com Deficiência, entendemos as dificuldades e nos erguemos à luta. O Sindicato tem esse compromisso com todos os trabalhadores e trabalhadoras na base”, Andréa de Sousa, a Nega, diretora executiva do Sindicato e coordenadora das Comissões.

“Nós, enquanto Sindicato, temos a obrigação de abraçar essa causa. Na Rassini, os metalúrgicos com deficiência estão na produção como qualquer outro trabalhador, com o apoio da ABEA [Associação Brasileira de Emprego Apoiado] e o ITS Brasil [Instituto de Tecnologia Social]. Temos uma comissão para fazer esse debate e para levar as melhorias ao local de trabalho”, Antônio Elandio Bezerra, o Nando, coordenador do CSE (Comitê Sindical de Empresa) na Rassini.

“Encontramos muitas pessoas com atitudes preconceituosas e capacitistas, por puro desconhecimento da questão da inclusão, principalmente da metodologia do emprego apoiado. As empresas pouco ouvem as pessoas com deficiência e isso precisa mudar. Precisamos fazer a luta necessária no local de trabalho para que passem realmente a contratar trabalhadores com deficiência”, Teonílio Barba, deputado estadual (PT) e ex-dirigente dos Metalúrgicos do ABC.

“As empresas ainda têm um discurso de inclusão muito longe da prática e, na teoria, todo mundo é inclusivo, mas a história é outra. É importante todos entenderem que responsabilidade social não é apenas ter lucro e, sim, dar oportunidades às pessoas com deficiência, à metodologia do emprego apoiado”, Maria Vilma Roberto, coordenadora de inserção de pessoas com deficiência pelo Emprego Apoiado no ITS Brasil (Instituto de Tecnologia Social)

“A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho relaciona-se com o exercício pleno da cidadania. Precisamos dizer à sociedade que a deficiência está nas barreiras que, na interação com a pessoa, faz com que ela tenha limitações e não consiga exercer os direitos de cidadania e igualdade de condições com aquelas pessoas chamadas, ou tidas, sem deficiência”, Eduardo Nascimento, representante da Superintendência Regional do Trabalho de São Paulo

“A pessoa com deficiência é mais do que a sua limitação. Enfrentar o preconceito é fundamental”

Em entrevista à Tribuna Metalúrgica, a secretária Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, abordou a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Durante a conversa, apontou a retomada das políticas públicas no governo Lula e participação ativa dessas pessoas na construção de um Brasil mais inclusivo e democrático. Leia a seguir a entrevista:

Tribuna Metalúrgica – Quais os principais desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência no mercado de trabalho?

Anna Paula Feminella – A discriminação em razão de deficiência, que chamamos de capacitismo. A pessoa com deficiência é mais do que a sua limitação. Enfrentar o preconceito é fundamental. Ela tem uma formação profissional, uma vontade muito grande de estar no mercado de trabalho, de ser tratada com dignidade. E quando consegue acessar o emprego, vai com disposição de quem quer mostrar que é possível contribuir, de que é preciso estar na sociedade. Outro ponto é a falta de acessibilidade. Em geral, os locais de trabalho ainda não estão acessíveis. Não basta só abrir por obrigação legal ao cumprimento da lei de cotas. Também tem que garantir banheiro acessível, comunicação acessível. Dependendo do tipo de deficiência, vai requerer um tipo de acessibilidade. Mas tem um conceito que as empresas ainda precisam aprender, que é o de desenho universal. É o que vai dar condições e autonomia para a pessoa com deficiência atuar no local de trabalho com segurança, inclusive sem gerar acidente de trabalho. A acessibilidade é um benefício para toda a população.

TM – E o trabalho apoiado?

Anna – Este é um instrumento que o governo federal incentiva, que a lei brasileira de inclusão prevê, mas ainda precisa ser efetivada em muitos locais de trabalho. Precisa ser regulamentada. Tem organizações da sociedade civil no Estado de São Paulo, como o ITS Brasil, que tem essa experiência que queremos levar para o Brasil inteiro. O Ministério de Trabalho e Emprego tem ações no âmbito do Novo Viver Sem Limite, o Plano Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, para fomentar essa maior inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Capacitação também tanto gestores quanto o pessoal de RH, que precisam entender que deficiência não é doença e, com os devidos recursos, conseguem atuar de forma equitativa.

TM – Como as empresas podem promover a inclusão?

Anna – Divulgando com clareza, de forma acessível, as vagas de emprego. Fazendo um planejamento da acessibilidade dos locais de trabalho. Hoje em dia já tem como fazer laudo de acessibilidade, colocar piso tátil. Não é caro. Às vezes a pessoa pensa que é caro, mas não é. É possível, sim, com planejamento, providenciarmos essas condições. Um banheiro acessível é fundamental e não discriminar quem tem deficiência. O recurso de acessibilidade é um bem coletivo, inclusive, que previne acidentes de trabalho.

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