PUBLICADO EM 06 de dez de 2024
COMPARTILHAR COM:

Histórico de Greve na PepsiCo do Brasil: Pelo fim das escalas 6×1 e 6×2

Acompanhe histórico de greve na PepsiCo e a demanda dos trabalhadores por uma jornada de trabalho mais justa.

Histórico de Greve na PepsiCo do Brasil: Pelo fim das escalas 6x1 e 6x2

Assembleia na PepsiCo organizada pelo Sindicato da Categoria

Em meados de julho, a PepsiCo do Brasil tentou adotar, de forma intransigente, a jornada de trabalho 6×2, mesmo com a jornada 6×1 já sendo praticada há bastante tempo.

Ambas as jornadas representam grande desgaste físico e mental para os trabalhadores, que prontamente se colocaram contra em assembleia e buscaram o STILASP – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Laticínios e Alimentação de São Paulo para expressar seu descontentamento e solicitar apoio contra essa postura arbitrária da empresa.

Diante disso, nos posicionamos firmemente contra a implementação da 6×2 e defendemos a substituição da jornada 6×1 por um modelo mais equilibrado, como a jornada espanhola.

Nesse formato, os trabalhadores alternariam as semanas de 40 e 48 horas, garantindo folgas aos finais de semana e melhorando as condições de trabalho.

A empresa, no entanto, não respondeu positivamente à nossa proposta e não demonstrou interesse real em melhorar as condições de trabalho dos seus trabalhadores. Diante da falta de negociação, em 17 de setembro, protocolamos o edital de greve.

No dia seguinte, 18 de setembro, a PepsiCo pediu um prazo para realizar um estudo interno sobre a viabilidade da jornada espanhola, prazo este que foi acordado para o inicio de novembro. Mais de um mês de espera!

Em 14 de novembro, tivemos uma reunião com a empresa, mas a PepsiCo não trouxe nenhuma novidade. Mantiveram postura intransigente, insistindo na implementação da jornada 6×2 e na continuidade da jornada 6×1.

Entre 18 e 24 de novembro, realizamos diversas assembleias nos três turnos da fábrica (manhã, tarde e noite). Em todas as assembleias, os trabalhadores votaram de forma unânime pela paralisação imediata, deflagrando a greve na PepsiCo do Brasil em busca de condições de trabalho mais justas e dignas.

A greve teve início no domingo, 24 de novembro, às 22h.

Na segunda-feira, 25 de novembro, a empresa entrou com um dissídio de greve, pedindo uma audiência urgente para tentar acabar com a paralisação.

No dia 26 de novembro, ocorreu a primeira audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-2), presidida pelo juiz Francisco Ferreira Jorge Neto.

Durante a audiência, foi proposta uma “Cláusula de Paz”, suspendendo temporariamente a greve até a próxima audiência, marcada para o dia 02 de dezembro de 2024.

Ainda assim, o retorno ao trabalho seria condicionado à realização de assembleias, que aconteceriam nos três turnos de trabalho. A primeira assembleia ocorreu às 22h do dia 26 de novembro com o turno da noite.

No dia 27 de novembro, realizamos as outras duas assembleias, pela manhã (6h) e pela tarde (14h), onde a votação pela continuidade da greve foi, mais uma vez, unânime.

Ainda no dia 27 de novembro, após as assembleias, a PepsiCo junto com a Polícia Militar, coagiram os trabalhadores a retornarem ao trabalho. A presença da polícia e da alta chefia da empresa teve o claro intuito de intimidar os grevistas.

Mesmo com essa pressão, a votação pela continuidade da greve foi novamente unânime, com os trabalhadores se mantendo firmes na luta.

No dia 28 de novembro, o sindicato foi oficializado pela justiça com um Interdito Proibitório:

“Deverá ainda o Sr. Oficial de Justiça dar ciência ao destinatário da antecipação de tutela concedida, nos seguintes termos: que o requerido se abstenha de impedir a entrada e saída de pessoas na Unidade da empresa PEPSICO DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA. situada à Rua Jaime Ribeiro Wright, 1.200, Itaquera, São Paulo – SP, CEP 08260-070, sob pena de pagar multa diária de R$ 5.000,00 (mil reais), a ser revertida para o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).”

Apesar dessa notificação, a greve e as assembleias com os trabalhadores foram mantidas até a segunda audiência de conciliação, que aconteceu na última segunda-feira dia 02 de dezembro.

Na audiência, firmamos acordo com a empresa e encerramos a greve na unidade de Itaquera com conquistas importantes, fruto da união e mobilização de todos os trabalhadores.

O acordo firmado garante avanços significativos, como estabilidade no emprego, abono das faltas durante a paralisação e uma folga adicional.

  • Abono de faltas: As ausências durante a greve serão abonadas.
  • Estabilidade: Garantia de que não haverá retaliações ou demissões no período de 45 dias.
  • Folga adicional aos sábados: A partir de 1º de janeiro de 2025, todos terão direito a um sábado de folga extra por mês, compensado nos dias trabalhados.

Estabelecemos, também, acordo de diálogo para debatermos as folgas sábado sim e sábado não, já que a intenção inicial era a de obter folgas ininterruptas a cada duas semanas.

Esta greve foi além da busca por uma jornada de trabalho mais justa. Ela representa, acima de tudo, a essência da luta de classes: a defesa da dignidade dos trabalhadores, a exigência de respeito aos direitos e a valorização de quem mantém a empresa funcionando diariamente.

É a primeira greve no Brasil impulsionada pela resistência à jornada 6×1. E não paramos por aqui! Seguiremos na luta, como sempre fizemos. Lutamos há mais de 20 anos pela redução de jornada de trabalho para os trabalhadores das indústrias de alimentação. Nossa essência é ser a voz e a força coletiva dos trabalhadores, garantindo melhores condições de trabalho.

*A greve na unidade de Sorocaba foi suspensa após audiência realizada no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas, no dia 27 de novembro. Em assembleia, os trabalhadores decidiram pela suspensão do movimento, estabelecendo uma cláusula de paz válida até hoje, 4 de dezembro, para que a empresa apresentasse uma proposta e avançasse nas negociações com o Sindicato da Alimentação de Sorocaba e Região. As tratativas estão em andamento e em breve retornaremos com atualizações.

A luta não para por aqui. Esse é só o começo!

Leia também: CNTC participa de debate sobre reforma trabalhista na Câmara

ENVIE SEUS COMENTÁRIOS

QUENTINHAS