Com o resultado das eleições municipais, podemos fazer algumas reflexões sobre o cenário que se apresenta para o ano de 2026. A polarização que marcou as eleições de 2022 perdeu espaço para o conservadorismo, o poder econômico da máquina administrativa e o imaginário do eleitor.
Os partidos de centro-direita e direita conquistaram a maioria das prefeituras. A participação da esquerda no poder executivo dos municípios caiu pela metade em comparação ao pleito de 2012. Com as urnas fechadas, PT, PDT, PSB, PCdoB e PSOL conquistaram menos de 27% das prefeituras.
O número de negros, pardos e mulheres eleitos para cargos no executivo e legislativo municipal cresceu, mas ainda não retrata a realidade da sociedade brasileira. Pela primeira vez desde que o Tribunal Superior Eleitoral iniciou a coleta de dados dos candidatos, 480 cidades terão prefeitos negros, o que representa menos de 9% do total de municípios brasileiros.
O resultado das urnas indica que as oligarquias, que detém o poder econômico, continuam no comando. A direita obteve uma vantagem significativa nas cidades impulsionadas por emendas parlamentares nos últimos anos. O Congresso está se organizando para as próximas eleições, em que cada parlamentar irá buscar apoio em seu reduto eleitoral. E nós? O que estamos fazendo?
É preciso investir na educação, conscientização e politização dos trabalhadores e grupos vulneráveis para superar a guerra ideológica e a polarização. Devemos estar preparados e afinados para enfrentar as dificuldades que surgirão, uma vez que a direita tem atraído cada vez mais eleitores com circo e bizarrices.
As redes sociais assumiram o papel de formar opinião, o que antes era exercido por sindicatos, universidades, partidos, institutos e ONGs. O acesso à internet permitiu a disseminação da desinformação, o que resultou na criação de diversas lideranças políticas que adotam como bandeira política as pautas de costumes.
A percepção do brasileiro mudou. A classe média encara o empreendedorismo como uma empresa, enquanto os pobres veem a informalidade, sem qualquer tipo de proteção trabalhista e previdenciária, como um emprego. Há um interesse claro: a exploração pelo lucro.
O movimento sindical precisa fazer o seu dever de casa. Os Sindicatos, Federações, Confederações e Centrais Sindicais devem investir na formação e qualificação dos dirigentes e assessores. Precisamos reconhecer nossos erros para construir um pensamento que nos identifique e nos aproxime dos trabalhadores e da sociedade.
Temos muito trabalho pela frente e o tempo é curto. Mãos à obra, companheiros!
Eusébio Pinto Neto,
Presidente do SINPOSPETRO-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas