PUBLICADO EM 06 de set de 2024
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Alta de juros é desnecessária com queda no preço da cesta básica

Entenda por que a alta de juros não se justifica. A queda no valor dos alimentos básicos indica que não há necessidade de aumentar a taxa básica de juros

Alta de juros é desnecessária com queda no preço da cesta básicaOs dados de agosto da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) realizada pelo Dieese indicam que o valor do conjunto dos alimentos básicos diminuiu em todas as 17 capitais onde a pesquisa é realizada mensalmente.

A queda ocorre pelo segundo mês consecutivo e é um claro sinal de que não se justifica a alta da taxa básica de juros (Selic) que vem sendo anunciada como algo “inevitável” pela mídia hegemônica.

O Brasil já pratica as maiores taxas de juros reais do mundo, o que transformou a economia nacional num paraíso dos rentistas, que abocanham em torno de 50% do Orçamento da União, subtraindo recursos que deveriam financiar o SUS e a educação pública.

Ao contrário do que propõem os porta-vozes do mercado financeiro é necessário reduzir as taxas de juros para melhorar a vida do povo e revigorar a economia nacional com o povo consumindo mais e as empresas realizando novos investimentos para ampliar a oferta.

De acordo com o Dieese as cestas mais caras são as de São Paulo (R$ 786,35), Florianópolis (R$ 756,31) e Rio de Janeiro (R$ 745,64).

As mais baratas estão no Nordeste:

  • Aracaju (R$ 516,40),
  • Recife (R$ 533,12)
  • e João Pessoa (R$ 548,90)

Vale ressaltar que nas cidades do Norte e Nordeste a composição da cesta é diferente das demais capitais.

Salário mínimo necessário

Em agosto o valor do salário mínimo necessário para bancar as despesas previstas na Constituição foi de R$ 6.606,13, 4,68 vezes o mínimo real, que é de R$ 1.412,00, um valor claramente insuficiente para fazer frente às despesas elementares de uma família com quatro membros (dois adultos e duas crianças).

O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 102 horas e 01 minuto.

Após desconto de 7,5%, referente à Previdência Social, o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em média, 50,13% do rendimento para adquirir os produtos em agosto.

Em São Paulo, que tem a cesta básica mais cara do país, o trabalhador que recebe o piso nacional compromete mais de 60% do salário com alimentos e, não raro, vive em situação de rua.

Ou seja, quem ganha o mínimo gasta mais da metade do salário com alimentação, sobrando pouco ou quase nada para quitar outras despesas, com:

  • aluguel,
  • saúde,
  • educação,
  • transporte,
  • higiene,
  • luz,
  • água,
  • gás de cozinha,
  • lazer, etc.

Comportamento dos preços dos produtos da cesta

  • O quilo do tomate teve o valor reduzido em todas as cidades, entre julho e agosto. As quedas variaram entre -43,11%, em Fortaleza, e -6,96%, em Campo Grande. Em 12 meses, apenas Belém apresentou taxa positiva (4,09%). Nas demais capitais, houve diminuição do valor médio, com destaque para os percentuais em Recife (-53,31%), Natal (-52,86%) e Brasília (-52,40%). A maior oferta, devido ao calor, abaixou os preços no varejo.
  • O valor do quilo da batata diminuiu nas 10 capitais da região Centro-Sul, onde o tubérculo é pesquisado, com variações entre -29,04%, em Campo Grande, e -13,49%, em Vitória, entre julho e agosto. Em 12 meses, todas as cidades tiveram elevação de preço, com destaque para as variações de Campo Grande (81,16%) e Rio de Janeiro (70,04%). O avanço da colheita aumentou a oferta e provocou retração dos preços no varejo.
  • A farinha de mandioca, cujo valor é coletado nas cidades do Norte e do Nordeste, apresentou diminuição de preço em quase todas as capitais, exceto em João Pessoa (3,91%). Os recuos variaram entre -7,09%, em Fortaleza, e -0,54%, em Salvador. Em 12 meses, apenas Belém acumulou alta de 7,98%. Os demais municípios tiveram redução, com destaque para Fortaleza (-17,60%) e Recife
  • (-16,19%). De junho a agosto, pequenos produtores fabricam artesanalmente farinha de mandioca. Esse evento, conhecido no Nordeste como “farinhada”, pode ter elevado a oferta do produto, contribuindo para o recuo dos valores, uma vez que a mandioca está com preço alto devido à disponibilidade restrita e à demanda aquecida.
  • O preço do feijão diminuiu em 15 capitais, entre julho e agosto. Para o tipo preto, coletado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, as variações negativas foram de -3,17%, em Porto Alegre; -0,35%, em Florianópolis; e, -0,26%, no Rio de Janeiro. Já em Curitiba (2,45%) e Vitória (1,66%), houve aumento do preço médio. Em 12 meses, as quedas de preço aconteceram em Porto Alegre (-5,33%) e no Rio de Janeiro (-0,91%). As altas acumuladas foram observadas em Curitiba (11,74%), Vitória (7,78%) e Florianópolis (7,75%). O preço do tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo, apresentou queda em todas as capitais, com variações entre -10,45%, em Belo Horizonte, e -0,99%, em Aracaju. Em 12 meses, os valores caíram em quase todos os municípios pesquisados, com destaque para Belém (-17,76%) e Recife (-14,45%). As altas ocorreram em Goiânia (4,77%) e Campo Grande (0,95%). No caso do grão carioca, a maior oferta e a menor demanda explicaram as diminuições no varejo. Para o tipo preto, a menor oferta do grão argentino e o fim da safra nacional resultaram em aumentos em algumas capitais.
  • O preço do leite UHT diminuiu em 12 capitais, com taxas entre -3,62%, em Campo Grande, e -0,26%, em Belém. Em São Paulo e Vitória, não houve alteração do preço médio, já os aumentos ocorreram em Salvador (2,36%), Aracaju (0,53%) e Brasília (0,16%). Em 12 meses, 14 capitais tiveram altas acumuladas. Em Porto Alegre, a variação chegou a 11,69%, e, em Campo Grande, a 9,30%. As reduções foram registradas em Recife (-4,38%), Vitória (-3,79%) e Natal (-0,80%). A maior oferta no campo reduziu o preço do derivado no varejo.
  • O preço médio do quilo do açúcar diminuiu em 12 das 17 capitais na comparação de julho com agosto. As variações estiveram entre -5,19%, em Porto Alegre, e -0,49%, em Brasília. Não houve alteração de preço em São Paulo nem em Belo Horizonte. Em Curitiba (1,56%), Campo Grande (0,25%) e Aracaju (0,23%) foram observadas elevações. Em 12 meses, 15 cidades tiveram alta, com destaque para Natal (9,76%), Brasília (9,68%) e São Paulo (8,00%). As diminuições foram registradas em Porto Alegre (-2,97%) e no Rio de Janeiro (-2,56%). A fraca demanda e a maior oferta, controlada pelas usinas, reduziu o preço no varejo.
  • O preço comercializado do quilo do café em pó aumentou em todas as capitais, entre julho e agosto. As altas variaram entre 1,06%, em Florianópolis, e 13,75%, em Goiânia. Em 12 meses, todas as cidades apresentaram elevação, com destaque para os percentuais de Belo Horizonte (41,70%) e Aracaju (38,12%). A oferta restrita de grão no Vietnã, o aumento do preço internacional, a desvalorização do real em relação ao dólar e as oscilações no volume da colheita devido às mudanças climáticas são alguns dos fatores que podem explicar a alta de preços no varejo.
  • Entre julho e agosto, o preço do óleo de soja no varejo subiu em 15 das 17 capitais. As taxas oscilaram entre 0,56%, em Fortaleza, e 6,39%, em Belém. As reduções ocorreram em Porto Alegre (-1,19%) e Campo Grande (-0,58%). Em 12 meses, o preço aumentou em 15 capitais. A alta mais significativa foi verificada em Belo Horizonte (10,07%). Duas cidades acumularam queda: Porto Alegre (-3,23%) e Recife (-3,02%). Maior demanda interna e externa pelo óleo bruto elevaram o preço do produto no varejo.

A pesquisa completa está disponível no site do Dieese

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