Lançada dois anos depois do suicídio do presidente Getúlio Vargas (24 de agosto de 1954), a música expressa a comoção popular gerada por aquele evento dramático. Ela se baseia na Carta-Testamento deixada por Getúlio, um documento onde ele confirma seu compromisso com a nação e com o povo trabalhador.
A Carta é ao mesmo tempo um desabafo pessoal e um manifesto político. Vargas se apresenta como um defensor dos direitos dos trabalhadores e das classes populares, algo que se confirma por suas reformas sociais, como a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
Através de versos como “Quando a fome bater na vossa porta, O meu nome é capaz de vos unir”, a música cantada por Jackson do Pandeiro assimila o tom de oração expresso no documento.
Ele Disse
(Composição: Edgar Ferreira/1956)
Intérprete: Jackson do Pandeiro
Ele disse muito bem:
O povo de quem fui escravo
Não será mais escravo de ninguém.
Para todo operário do Brasil
Ele disse uma frase que conforta
Quando a fome bater na vossa porta
O meu nome é capaz de vos unir
Meus amigos por certo vão sentir
Que na hora precisa estou presente
Sou o guia eterno desta gente
Com meu sangue o direito eu defendi.
Ele disse com toda consciência
Com o povo eu deixo a resistência
O meu sangue é uma remissão
A todos que fizeram reação
Eu desejo um futuro cheio de glória
Minha morte é bandeira da vitória
Deixo a vida pra entrar na história
E ao ódio eu respondo com o perdão.