A greve dos metalúrgicos da Renault/Horse, localizada em São José dos Pinhais, iniciada no último dia 7 de maio, completa nesta terça-feira (21/05) 15 dias corridos, devido a falta de avanço nas negociações.
Um dos pontos que pesa nessa decisão é a situação das condições de trabalho na linha de produção, marcada por ritmo intenso e falta de empregados, dois fatores que colocam a segurança e a saúde dos trabalhadores em risco.
Uma evidência desse fato é o índice de engajamento do trabalhador na linha de produção que está em 95%, ou seja, dentro do processo de trabalho, o trabalhador tem apenas 5% de tempo para dar “uma respirada” ou ir ao banheiro. O SMC cobra que a empresa baixe esse índice para 85% ou menos.
A precarização nos postos de trabalho foi explanada pelo SMC em assembleias na porta de fábrica, em duas audiências no Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região(TRT-PR) e mais uma vez nesta terça-feira(21/05) em assembleia informativa virtual
Diante dessa situação, o SMC cobra da empresa:
- contratação de 300 novos postos de trabalho para suprir as demandas da linha de produção
- melhorias no convênio médico
- implantação de cargos e salários no setor de logística
“Os trabalhadores estão abertos para negociar um ambiente de trabalho com mais segurança, porém, tem que haver vontade por parte da Renault. A empresa, de forma intransigente, adotou uma postura de não diálogo, querendo impor ao trabalhador uma condição que somente atende aos interesses dela. Precisamos de mais maturidade para resolver o impasse de modo a preservar a saúde, segurança e uma melhor condição para o trabalhador. Com o trabalhador motivado a empresa só tem a ganhar mais em produtividade e competitividade. Mas parece que a Renault insiste em não entender isso” ressalta o presidente do SMC, Sérgio Butka.
Pauta econômica
Paralelamente a pauta social, os metalúrgicos da Renault também continuam mobilizados pelo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que contempla a correção nos salários e no vale-mercado, além da Participação nos Lucros e Resultados(PLR).
A proposta apresentada pela montadora já tinha sido reprovada pelos metalúrgicos em assembleia. A última vez foi na semana passada(16/05), um dia depois da 2ª Audiência de Mediação no Tribunal Regional do Trabalho(TRT-PR).
Os valores consistiam R$ 25 mil de PLR com volume de produção de 201 mil carros, sendo a primeira parcela no valor de R$ 18 mil.
Em contrapartida, Sindicato e trabalhadores reivindicam:
- PLR: Mínimo de R$ 30 mil com valor da 1ª parcela de R$ 18 mil para um volume de produção de 201 mil veículos
- Reajuste salarial baseado no INPC (previsão de 3,66%) + PIB 2022 (3,02%) = 6,80%
- Reajuste do Vale Mercado: 6,80% (da conta acima) + a incorporação da defasagem salarial do INPC de 2020 à 2024 (8,82%) – Hoje, o VM está no valor de R$ 1040,00, com o reajuste passaria para cerca de R$ 1700,00.
Fundo de greve
Como a empresa começou a cortar os salários dos trabalhadores, o Sindicato vai liberar fundo de greve de até R$ 1 mil por trabalhador associado. Ao aderir o fundo o trabalhador estará doando R$ 20 para ajudar o SOS Rio Grande do Sul.
Nova assembleia
A próxima assembleia com os trabalhadores está prevista para a próxima quinta-feira (23/05). Mais informações em breve.
Renault/Horse
A fábrica da Renault possui cerca de 5 mil trabalhadores (3.500 da produção e 1.500 administrativos) em dois turnos. Os modelos produzidos são a OROCH, MASTER, KARDIAN SUV, KWID E A DUSTER.
A produção diária da fábrica atualmente é de cerca de 800 veículos por dia. A fábrica tem capacidade máxima para produzir cerca de 1.380 veículos\dia.
Já a fábrica da Horse, que produz os motores da Renault, possui cerca de 600 trabalhadores, fabrica atualmente 900 motores\dia.
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