PUBLICADO EM 04 de maio de 2018
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As comemorações do 1º de maio

Seguramente as comemorações este ano do 1º de maio aconteceram na pior conjuntura econômica e social para os trabalhadores brasileiros. O desemprego é mortífero e os empregados sofrem a desorganização provocada pela influência da lei trabalhista celerada. Seus efeitos são também danosos às próprias entidades promotoras dos eventos.

Neste quadro difícil é de se destacar a abrangência das comemorações e não apenas daquelas tradicionais, como a do Campo de Bagatelle da Força Sindical que atraiu milhares de participantes e enfatizou a preocupação pelo emprego.

As grandes entidades fizeram o costumeiro, com destaque para o seminário da UGT que garantiu as presenças de fortes candidatos a presidente que afirmaram (com exceção do ex-governador Alckmin) sua hostilidade à lei celerada; Ciro Gomes anunciou seu projeto de revogação pura e simples da lei.

Mas é preciso que se dê notícia de uma série de iniciativas que embora não tenham entrado no radar dos meios de comunicação nacionais revelaram o caráter abrangente do empenho do movimento sindical: o evento social do setor de transporte, em Parelheiros (SP), a grande manifestação no porto de Itajaí (SC) (também comemorando a cadeira de deputado federal do companheiro Mafra), a comemoração em Catalão (GO) e a série de concentrações festivas na base da federação dos comerciários (SP), para citar apenas algumas.

O grande destaque do dia foi a manifestação unitária em Curitiba, organizada pelas centrais sindicais que, além da pauta natural do movimento (cujos pontos principais são a denúncia da lei celerada, a defesa do desenvolvimento e da criação de empregos, a manutenção da política de valorização do salário mínimo e a garantia dos direitos) explicitou a solidariedade do movimento sindical ao ex-presidente Lula.

Nesta manifestação confluíram duas vertentes: a do próprio movimento sindical e a das correntes político-partidárias com suas pautas de agitação específicas e seu radicalismo.

E, devido ao desequilíbrio relativo e momentâneo entre essas vertentes aconteceu, infelizmente, o mais clamoroso e negativo episódio a manchar o dia e as comemorações.

Refiro-me à vaia desrespeitosa ao companheiro Juruna que quase foi impedido de falar muito mais pelo que representava do que pelo que falaria.

Os militantes que o insultaram talvez não soubessem (por seu alheamento às práticas sindicais unitárias) o seu papel decisivo na própria concepção e organização do ato unitário.

Estes militantes, embora participando coloridamente de uma manifestação conjunta, desconhecem o peso e a importância da unidade de ação do conjunto do movimento. Foram à missa para cuspir na hóstia.

João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical

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