Se não forem tomadas urgentemente medidas preventivas, corretivas e punitivas estaremos condenados a ver se repetir a tragédia que se abateu sobre os metalúrgicos em Cabreúva, com explosão de um forno na fábrica, morte de três trabalhadores e ferimentos graves em 40.
Digo isto porque o caso é o mais recente de uma série mortífera que não termina com ele, onde se misturam precárias condições operacionais, relações de trabalho deterioradas, desleixo e complacência.
O ministério do Trabalho, desmontado por Bolsonaro, tem enfrentado agora a tarefa de sua reconstrução para poder agir preventivamente com fiscalização e punição. E deve agir já!
O patronato que patrocinou a farra do boi da revisão das normas regulamentadoras (com a cumplicidade de alguns dirigentes sindicais dos trabalhadores) precisa reconhecer a malignidade destas modificações, dificultadoras da fiscalização e coniventes com o descalabro.
E o movimento sindical dos trabalhadores precisa se preocupar com a situação desastrosa da segurança do trabalho, fiscalizando, ele também, a situação nas empresas.
É urgente e necessário um posicionamento firme destes três protagonistas.
Espero que o ministro do Trabalho faça uma visita à Cabreúva e à empresa como gesto de solidariedade às vítimas e indicação de sua firmeza em agir na defesa da vida dos trabalhadores, com o ministério reorganizado e operante, não apenas burocraticamente omisso.
O patronato, agindo agora em uma conjuntura econômica favorável, deve abandonar as posições extremistas e negativas anteriormente tomadas e reconhecer a necessidade de uma modernização efetiva do parque industrial, isolando aqueles empresários irresponsáveis que são empecilho a uma política coerente de industrialização.
O movimento sindical dos trabalhadores agindo em apoio ao sindicato de Itu, filiado à Federação Estadual de Metalúrgicos da CUT (onde se situa a base de Cabreúva), e reconhecendo a gravidade da situação deve empreender uma verdadeira campanha nacional contra as mortes e outros acidentes de trabalho, apoiado pelo ministério do Trabalho e ajudado pelo empresariado responsável.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical