PUBLICADO EM 01 de ago de 2023
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Eletricitários entrarão em greve contra demissões e desmonte da Eletrobras

Eletricitários formalizam greve de 72 horas na Eletrobras em protesto contra demissões e perseguições políticas. Entenda os motivos

Eletricitários entrarão em greve contra demissões e desmonte da Eletrobras

Eletricitários entrarão em greve contra demissões e desmonte da Eletrobras – Foto: FNU

O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) formalizou na quinta-feira (27) à direção da Eletrobras que os eletricitários vão entrar em greve por 72 horas, a partir da zero hora do dia 9 de Agosto.

As entidades sindicais anunciaram o cumprimento como previsto na legislação vigente no que concerne o direito de greve e manterá os serviços essenciais à população.

Em documento, os trabalhadores afirmam que estão à disposição da Empresa para negociar o atendimento aos serviços considerados essenciais.

“Informamos que, posteriormente, encaminharemos as escalas do turno ininterrupto de revezamento para o período da referida greve”, dizem em documento.

Motivos da greve dos eletricitários

Os trabalhadores e trabalhadoras da empresa, que foi privatizada no ano passado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), elencam uma série de motivos que os levaram à paralisação. São eles:

  • O descumprimento de cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2022.2024, assinado com a Eletrobras e homologado no Tribunal Superior do Trabalho (TST)
  • O descumprimento de cláusulas anunciadas pela Eletrobras através de Comunicação oficial e apresentação aos trabalhadores, pelo iminente descumprimento de outras cláusulas do ACT e
  • Devido ao Assédio Moral Coletivo instaurado na Empresa, que coagiu os trabalhadores a aderirem ao Plano de Demissão Voluntária (PDV).

Em outro trecho do documento eles alertam quanto a continuidade dos desligamentos dos trabalhadores através do PDV 2022 e do PDV 2023, uma vez que colocam em risco de colapso o sistema elétrico brasileiro.

“A medida também coloca em risco a segurança dos trabalhadores do quadro próprio que permanecerem na empresa, bem como dos terceirizados e da população em geral”, diz o documento.

Perseguição e demissões em massa de eletricitários

Esta não é a primeira vez que os eletricitários denunciam a perseguição aos trabalhadores e o desmonte que a atual direção, que visa apenas o lucro, faz na empresa.

“Tal postura pode provocar imensos prejuízos aos consumidores de energia elétrica do país”.

Segundo eles, as demissões em massa promovidas por meio de PDV, que pelo Acordo Coletivo de Trabalho deveria ocorrer até o próximo ano, estão sendo antecipadas.

Essas demissões de eletricitários não dão oportunidade para que os mais experientes possam passar o conhecimento a uma nova geração de trabalhadores.

Como resultado, o risco de acidentes em linhas de transmissão e de alta voltagem, e de corte de fornecimento de energia, são imensos.

Perseguição política

Outra denúncia da categoria é a perseguição política que está sendo feita dentro da Eletrobras.

Os dirigentes sindicais que mesmo tendo estabilidade no emprego para exercer a defesa dos direitos dos trabalhadores, sofrem ameaça de demissão.

Ameaças de demissão por justa causa

O caso mais recente foi do engenheiro elétrico Ikaro Chaves, diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel), e que tem estabilidade até abril do ano que vem.

No entanto, o engenheiro recebeu um aviso de demissão por justa causa, no dia 14 deste mês.

A direção da Eletrobras acusa o sindicalista de quebra do código de conduta por conta da sua opinião contra a privatização e em defesa da reestatização da companhia.

Após pressão dos sindicalistas e apoio de políticos de partidos de esquerda como a presidenta do PT Gleisi Hoffmann, a Eletrobras desistiu da ação pela demissão por justa causa do eletricitário.

Apesar disso, sentindo-se pressionado e antevendo que seria demitido após este período de estabilidade, Ikaro Chaves entrou no PDV.

“Foi uma vitória parcial porque eu e mais de 1500 trabalhadores fomos coagidos a aceitar o PDV para não sairmos de mãos abanando depois de tantos anos de empresa”, afirmou.

Ikaro destaca que, por outro lado, o apoio e a mobilização serviram para manter as prerrogativas dos demais dirigentes sindicais que atuam na Eletrobras.

Os trabalhadores da Eletrobras, especialmente os militantes, os progressistas de esquerda  têm um alvo nas costas, inegavelmente são perseguidos – Ikaro Chaves

O que prevê o PDV

O PDV prevê a demissão de 20% dos funcionários, cerca de 2.500, os aposentados e os chamados “aposentáveis”, num primeiro momento. Esses já foram demitidos.

Um novo PDV, com demissão de mais 20% do quadro funcional, pelo acordo coletivo, deveria ser posto em prática até 2024, com tudo a Eletrobras antecipa as demissões.

A medida gera, de acordo com os eletricitários, uma preocupação com o atendimento à população.

Ele alerta que esta segunda leva de 1.577 demitidos vai deixar a empresa até o dia 31 de agosto e mais uma vez são trabalhadores experientes que saem sem passar seus conhecimentos aos mais novos.

com informações da CUT

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