O Brasil vive um dos momentos mais difíceis de sua história. Uma sucessão de crises econômica, política e institucional abalam o país desde 2013, gerando na população sentimentos de temor pelo presente e desesperança quanto ao futuro. Tal estado de coisas tem repercutido no aumento da intolerância, no aprofundamento de divisões no seio do povo e no menosprezo pela democracia.
Não podemos nos render a essa agenda, que é contra os interesses do povo e da Nação. Devemos lutar para que o Brasil reencontre os caminhos do desenvolvimento, da geração de empregos, da distribuição de renda, da justiça social e da convivência democrática. Para tanto, é fundamental buscar a união dos trabalhadores e das trabalhadoras na luta por seus direitos.
A história demonstra que as conquistas sempre exigiram muita mobilização, amplitude e unidade da classe trabalhadora. Foi assim na primeira experiência de greve geral, realizada aqui em São Paulo, em 1917. Foi assim que garantimos avanços civilizatórios na relação capital/trabalho, como a jornada de trabalho de 8 horas, as férias, o 13º salário, a licença maternidade e tantas outras conquistas que agora estão sendo ameaçadas pelos retrocessos impostos pela Reforma Trabalhista.
Por isso, em um cenário de resistência contra a perda de direitos como o atual, torna-se ainda mais imprescindível o fortalecimento do movimento sindical e dos sindicatos. É no sindicato que o trabalhador encontra amparo na luta desigual contra o patrão e ganha consciência política para se juntar, se organizar e interferir nos rumos da sociedade.
Foi graças à força do movimento sindical brasileiro que conseguimos derrotar momentaneamente a nefasta Reforma da Previdência proposta por Michel Temer, que tornaria impossível a aposentadoria para milhões de brasileiros.
Dois momentos emocionantes marcaram essa jornada: a histórica greve geral de 28 de abril de 2017, quando o Brasil inteiro cruzou os braços contra o fim da aposentadoria; e a memorável Marcha Nacional, em maio do mesmo ano, quando a capital federal viu a maior manifestação de trabalhadores já realizada. A Força Sindical, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e outras entidades ligadas à Central, participaram ativamente e seus dirigentes tiveram papel destacado nesses eventos.
A chave para essas mobilizações, fundamentais para pressionar o governo e o Congresso e para engavetar o desmonte da Previdência, foi a unidade das centrais sindicais. Unidade construída com maturidade, respeito e muita capacidade para derrubar muros e construir pontes.
Essa é a essência da atividade política, que precisa ser resgatada e valorizada como a solução para superar conflitos em uma sociedade democrática. É sobre isso que devemos refletir nesse 1º de Maio, Dia do Trabalhador, porque o próximo período vai nos exigir ainda mais capacidade de agregar os diferentes em torno de objetivos comuns.
É hora de dar um basta à intolerância, ao ódio e aos preconceitos para nos concentrarmos nos graves problemas que afetam diariamente os milhões de afetados pelo desemprego e pela falta de acesso à saúde e educação dignas. Só unidos e mobilizados conquistaremos mais e melhores empregos, a manutenção dos direitos e a retomada da democracia e da soberania nacional.
Orlando Silva, deputado federal, presidiu a Comissão do Trabalho e é líder do PCdoB na Câmara