Igualdade e inclusão. Há anos no movimento sindical percebi com clareza que estas são duas pautas vivas dentro do sindicalismo, após participar de importante Congresso Internacional, ocorrido em Fortaleza. Dentro dos 12 painéis do evento, conduzidos por renomados coordenadores e expositores, em todos as duas palavras que abrem este texto foram abordadas e esplanadas como fundamentais para a composição de uma política sindical inclusiva e plural. A diversidade, a raça, a cor e a vulnerabilidade são assuntos que de hoje em diante estão presentes no cotidiano do sindicalismo.
Uma frase do Ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Cláudio Brandão, foi marcante ao expor sobre a inclusão das pessoas com deficiência e o desrespeito ainda presente em empresas quando o assunto é cumprir a lei de cotas: “Precisam entender e fazer o meio se adaptar à pessoa. Não a pessoa se adaptar ao meio”. Ou seja, faz-se de conta que se cumpre a lei. Contratado, o deficiente é isolado e lhe oferecido atividades muito pouco inclusivas.
Outros nomes destacados se revezaram em temas como a construção social feita para a mulher, observada maldosamente pelo decote, pela roupa, pela cor do esmalte. E Tratada como de “segunda classe” na questão salarial.
É neste sentido que somente o empoderamento vai estruturar o espaço da mulher. Hoje, categorias como as que representamos já contam com cláusulas coletivas que minimizam esta situação. Mas a porta está aberta para o avanço, pois os órgãos disciplinadores da relação capital x trabalho também veem a necessidade. E esta relevante questão de igualdade, independente da identidade de gênero, precisa ser ampliada. A orientação sexual não é medida de competência.
A igualdade também levanta sua bandeira contra o racismo. E o racismo é estrutural. No ideário colonizador já estava marcado que a população negra seria escrava. E até hoje cargos de gestão e chefia são majoritariamente ocupados por brancos. Uma pesquisa mostra que o setor de telemarketing é o que mais emprega a população LGBTQIA+ e negros. Sabem por quê: porque ninguém os vê. Ficam escondidos!
Temos que mudar isso. O sindicalismo que já conquistou na história horas-extras, 13º salário, férias de 30 dias e mais um terço, jornada de 44 horas semanais, piso salarial, seguro desemprego, FGTS e multa de 40% sobre o saldo, auxílio-refeição, reembolso creche, estabilidade da gestante, adicionais de insalubridade e periculosidade, conjunto de normas regulamentadoras sobre saúde e segurança de trabalho e tantos outros avanços, precisa agora ser o condutor, o protagonista da luta pela prática verdadeira da igualdade e da inclusão.
Helena Ribeiro da Silva
Presidenta do SEAAC de Americana e Região