O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, e os diretores Wellington Messias Damasceno e Aroaldo Oliveira da Silva entregaram ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o “Estudo Setorial Automotivo: caminhões, ônibus e automóveis”. O encontro foi na última quarta-feira, dia 3, em Brasília.
“O estudo detalha o setor automotivo e traz diretrizes e propostas do nosso Sindicato que, na nossa avaliação, melhoram substancialmente o setor, preservando e gerando empregos”, defendeu Moisés.
“Agora é necessário que a taxa básica de juros baixe para que haja acesso a financiamentos mais baratos. O Banco Central tem que ter responsabilidade com os empregos e os trabalhadores, essa é uma de suas finalidades. É abusivo e inaceitável o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manter a taxa em 13,75% ao ano”, afirmou.
Mercado e desafios
O estudo, elaborado pela Subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) no Sindicato, aponta que o segmento de caminhões vive um início de ano preocupante, com forte queda das vendas e a situação mais crítica do setor automotivo, o que demanda ações urgentes. Segundo diferentes projeções, a queda na produção pode ser da ordem de 27% a 40%.
Já o segmento de ônibus retornou aos níveis pré-pandemia, chegando em 35 mil unidades. Mas com desafios, como a retomada da demanda de passageiros no transporte público urbano e a transição para a descarbonização, com objetivo de zerar a emissão de gases do efeito estufa.
Em veículos leves, a produção em 2022 foi de 2,2 milhões, 37% abaixo do seu recorde histórico, de 3,5 milhões em 2013. O primeiro trimestre de 2023 mostrou um cenário de alta, mas muito aquém do potencial. O carro “impopular” é a nova realidade, cada vez mais caro e longe do poder aquisitivo da população, além do crédito cada vez mais restrito. Portanto, o modelo automotivo atual é insustentável, aponta o estudo.
Cenários
De acordo com o estudo, são três cenários para a cadeia automotiva instalada no Brasil. O primeiro é de uma transição qualificada e o Brasil se recolocar como um centro produtivo essencial e expressivo no mundo. O segundo é de estagnação tecnológica, sendo um dos últimos mercados para veículos a combustão, com degradação longa e lenta de toda a cadeia instalada. E o terceiro é de irrelevância global e desaparecimento, com a importação de veículos mais avançados tecnologicamente.
Diretrizes
Os Metalúrgicos do ABC apontam diretrizes urgentes para a reindustrialização do país. Entre elas a criação de um fórum tripartite do setor automotivo, o Brasil ser referência em mobilidade sustentável, novas rotas tecnológicas, ampliação do conteúdo nacional de partes, peças e componentes, linhas de crédito para renovação da frota e preservação e criação de empregos.
Confira algumas propostas
CAMINHÕES
• Estabelecer metas de fabricação, vendas e exportações, ao longo dos próximos 8 anos;
• Melhorar as condições de financiamento;
• Criar programas incentivados de troca de veículos a partir dos bancos comerciais e bancos de montadoras;
• Melhorar o acesso e A atratividade do Programa Renovar, visando à modernização da frota;
• Estabelecer mecanismos de depreciação acelerada.
ÔNIBUS
• Promover estímulos diretos ao retorno da demanda no transporte coletivo urbano, por meio de incentivos como o Vale-Transporte Social;
• Promover a melhoria das infraestruturas urbanas e metropolitanas associadas ao transporte público;
• Viabilizar o financiamento da renovação de frotas por meio dos bancos públicos;
• Estabelecer iniciativas-piloto de eletromobilidade nas frotas de ônibus escolares (Programa Caminho da Escola);
• Implementar mecanismos de depreciação acelerada.
AUTOMÓVEIS
• Promover o lançamento imediato de modelos “populares”, com linhas de crédito de longo prazo;
• Incentivar a produção de veículos que considerem grau de nacionalização e quantidade mínima de etapas do processo de fabricação no país;
• Ampliar o programa de estímulo à renovação das frotas de táxis;
• Constituir programa especial de estímulo à renovação dos automóveis operando em aplicativos de transporte;
• Transição do mix de veículos rumo à descarbonização ao longo dos próximos 12 anos;
• Revisar alíquotas de importação de veículos elétricos alinhada à existência de projetos de fabricação nacional.