O ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), afirmou que “assume a conta com prazer” após diversos bancos suspenderem o empréstimo consignado para aposentados e pensionistas do INSS em reação à decisão do Conselho Nacional de Previdência Social diminuir o teto da taxa de juros para a modalidade para 1,7% ao mês.
Lupi contou que apresentou sua ideia de reduzir juros em reunião entre ministros com a presença de Lula nesta semana.
Quando ficou sabendo da proposta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ligou para ele tentando fazê-lo desistir da redução dos juros.
Haddad argumentou que os bancos poderiam restringir o acesso ao consignado para aposentados, o que de fato acabou ocorrendo nesta quinta-feira (16), um dia após a medida ser publicada no Diário Oficial.
Banco do Brasil e Caixa, controlados pelo governo, também aderiram ao “boicote” aos beneficiários do INSS.
O argumento do ministro da Fazenda não convenceu Lupi, que apontou que há uma grande disparidade nos juros cobrados no consignado para servidores e para aposentados, sendo que ambos são descontados diretamente da folha de pagamento, sem risco.
“Por que cobram 1,61% [de juros] dos consignados dos funcionários públicos e cobravam 2,14% do previdenciário? Um dá lucro, outro não?”, questionou.
O ministro da Previdência disse que os bancos não explicam o porquê dessa diferença e “assume a conta com prazer” pela reação que a medida tem causado desde então.
“Estou defendendo o lado mais frágil da sociedade. Eu mato no peito. Não tenho medo de cara feia”, falou ao blog de Julia Duailibi, no G1.
O blog contou ao ministro que fontes ligadas a bancos disseram que a diferença nos juros é devido à idade dos tomadores de empréstimo, ao que ele respondeu:
“E servidor público não morre? Um morre e o outro não? Eu sou servidor público, queria ser imortal então”, ironizou.
Presidido por Lupi, o Conselho Nacional de Previdência Social tem 15 membros: 3 de sindicatos de trabalhadores, 3 representantes dos aposentados, 3 de sindicatos patronais e 6 do governo.
Apenas os representantes patronais votaram contra a proposta de redução dos juros, que acabou sendo aprovada pelo colegiado com os 6 votos favoráveis dos integrantes do governo Lula.
Centrais sindicais apoiam ministro Lupi
As centrais sindicais demonstraram indignação, na noite desta quinta-feira (16), com o anúncio de bancos privados, que suspenderam a concessão de empréstimos consignados para aposentados e pensionistas do INSS após o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) reduzir o teto de juros da modalidade.
Pressionado pelas próprias centrais, o CNPS decidiu pela redução do teto dos juros, que passou de 2,14% ao mês para 1,70%.
“Essa atitude dos bancos demonstra que a sede por lucros não tem limites, e é inaceitável que os aposentados e pensionistas sejam prejudicados dessa forma”, diz a nota das centrais.
Protesto contra juros altos
Na próxima terça-feira, dia 21 de março, as centrais estarão na Avenida Paulista em protesto contra os juros altos e pela revogação das maldades da reforma trabalhista.
Fonte: Portal CSB