A greve dos trabalhadores da Avibras, em Jacareí, completa 102 dias nesta segunda-feira (19). Os metalúrgicos cruzaram os braços no dia 9 de setembro, em protesto contra a falta de pagamento de salários, que ocorria desde julho.
Após o início da paralisação, a empresa enviou comunicados aos operários, dizendo que faria o pagamento em duas semanas, o que não aconteceu. Somente depois de dois meses de mobilização, a Avibras pagou os salários de julho, no dia 22 de novembro. Os demais vencimentos, de agosto a dezembro, seguem atrasados para cerca de 1.400 trabalhadores.
Para completar o enorme desrespeito da empresa com os metalúrgicos, o 13º não foi pago para todos. A fábrica segue sem se posicionar sobre quando dará uma solução às irregularidades.
“Os trabalhadores da Avibras correm o risco de passar o Natal sem receber o que é direito deles. A empresa, em uma atitude desumana e irresponsável, não dá satisfação sobre o problema nem marca uma data para depositar o que deve. A greve é a principal defesa dos metalúrgicos diante dessa condição”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.
Recuperação judicial
A Avibras está em recuperação judicial. Segundo a lei que trata do assunto no Brasil, a empresa nessa situação deve dar prioridade ao pagamento de salários. Com isso, assim que houver dinheiro disponível em caixa, os trabalhadores têm de ser os primeiros a receber.
Porém, nada está sendo feito, e a dívida trabalhista da Avibras já passa de R$ 14,5 milhões. Nem mesmo FGTS e INSS estão sendo pagos.
Na tentativa de resolver as irregularidades, o Sindicato realizou diversas reuniões de negociação com a empresa. A entidade também pediu a intervenção do governo federal no caso, já que a Avibras é uma empresa certificada pelo Ministério da Defesa como Empresa Estratégica de Defesa – EED.
Contudo, Jair Bolsonaro (PL) não recebeu os trabalhadores, em Brasília, e não se posicionou sobre o problema, desde março. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também não respondeu à carta enviada pelo Sindicato, em novembro, solicitando uma reunião com a equipe de transição do governo federal.
Atualmente, a Avibras domina 25% do mercado mundial dos seus produtos, que incluem mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e veículos aéreos não tripulados (Vant). O patrimônio líquido da empresa é de aproximadamente R$ 2 bilhões.
No dia 1º de dezembro, foi iniciada a assembleia de credores da recuperação judicial da fábrica. Porém, o encontro foi suspenso por 90 dias e remarcado para 28 de fevereiro.
Luta por emprego
Desde março, os trabalhadores lutam para manter seus empregos. A Avibras chegou a demitir 420 pessoas, o que foi revertido pelo Sindicato com muita luta nas ruas e nos tribunais.
Com a reintegração, os demitidos foram colocados em regime de layoff por cinco meses. Em setembro, na iminência do fim da suspensão dos contratos, os metalúrgicos conseguiram prolongar o layoff na fábrica e garantir a estabilidade por mais oito meses.
Nesse novo período, a Avibras tinha se comprometido a assumir o pagamento integral da parte que caberia ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), o que também está sendo descumprido.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos