O Dia da Luta Operária de 2021, no próximo dia 9 de julho, homenageará cinco trabalhadoras e trabalhadores da luta em defesa do movimento operário brasileiro, pela liberdade e pela democracia no Brasil. Também serão agraciados profissionais que atuam na área da saúde pela luta da categoria contra a pandemia de Covid-19.
Lenina Pomeranz e Hugo Perez receberão o troféu José Martinez, criado para o Dia da Luta Operária, por escolha das centrais sindicais organizadoras do evento. Lourdes Estevão e Ubiratan de Paula Santos serão homenageados, em nome de todos profissionais de saúde, pelo importante trabalho que esta categoria vem fazendo no enfrentamento da pandemia de coronavírus. E José Campos Barreto, o Zequinha Barreto, será laureado in memoriam pela luta em defesa do movimento operário e por ocasião dos 50 anos do seu assassinato por agentes do Estado brasileiro.
Os homenageados são: Lenina Pomeranz (professora da USP e primeira mulher a ocupar o cargo de diretor-técnico do Dieese); Hugo Perez (ex-presidente da Federação dos Urbanitários de São Paulo e idealizador da 1ª Conclat de 1981); Lourdes Estevão (enfermeira, diretora do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo), Ubiratan de Paula Santos (médico pneumologista do Ambulatório de Doenças Respiratórias Ocupacionais do Incor); e José Campos Barreto, o Zequinha Barreto (liderança metalúrgica de Osasco assassinado pela ditadura militar).
As homenagens são uma iniciativa do vereador Antonio Donato (PT), em parceria com as centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB, NCST, CGTB, CSP-Conlutas, Intersindical e Intersindical Central da Classe Trabalhadora. Também participam da homenagem o Centro de Memória Sindical, Instituto Astrogildo Pereira, IIEP e Oboré Projetos Especiais.
SERVIÇO: DIA DA LUTA OPERÁRIA – Ato político e homenagem a trabalhadoras e trabalhadores
Data: 9 de julho
Horário: 18 horas
Local (Evento híbrido): Rua Tabatinguera, 192, São Paulo e transmissão ao vivo no Facebook e Youtube do vereador Donato (@donatopt) e das centrais sindicais
HISTÓRICO
O Dia da Luta Operária é celebrado desde 2017 por lei municipal (nº 16.634/17) de autoria do vereador Antônio Donato (PT). A data foi instituída em memória da Greve Geral de 1917. Iniciada na fábrica Cotonifício Crespi, zona leste da capital paulista, a greve contra a carestia, os baixos rendimentos e contra as condições degradantes de trabalho, se expandiu por diversas categorias e chegou a contar com a participação de mais de quarenta mil trabalhadores.
Concebido pelo artista plástico Enio Squeff e pelo fundidor Luciano Mendes, o troféu José Martinez marca a memória de um jovem sapateiro, baleado e morto por soldados da antiga Força Pública, no dia 9 de julho de 1917, durante a Greve Geral.
Em razão das restrições provocadas pela pandemia a cerimônia acontecerá de maneira híbrida: presencialmente a partir de 18 horas com um grupo restrito de pessoas e simultaneamente pela internet, através dos canais do vereador Donato e daqueles ligados ao movimento sindical.
CORO LUTHER KING
Durante a comemoração do Dia da Luta Operária haverá apresentação do Coro Luther King, sob o comando de Sira Milani. Além do coral, teremos também apresentação de músicos com voz e violão.
Confira a íntegra do evento:
MAIS SOBRE OS HOMENAGEADOS DE 2021 DO DIA DA LUTA OPERÁRIA
LENINA POMERANZ: Professora da Faculdade de Economia da USP, foi a primeira mulher a dirigir o Dieese em 1962. Lenina também foi fundadora e membro da primeira diretoria da UBES, União Brasileira dos Estudantes Secundários. Concluiu sua tese de doutorado na antiga URSS, na década de 1960, sendo a primeira pesquisadora a implementar um programa de cooperação entre o Instituto da América Latina da Academia de Ciências da URSS e a USP através de sua pesquisa sobre a Perestroika. Ela é autora do livro Perestroika: Desafios da Transformação Social na URSS, uma das principais referências no assunto.
HUGO PEREZ: Eletricitário, aposentado pela antiga companhia de energia Light, foi diretor do Sindicato da categoria, presidente da Federação dos Trabalhadores das Indústrias Urbanas, na década de 1970 e presidente do Dieese entre 1979 a 1983. Em 1977, em um curso oferecido pelo Ministério Trabalho, Hugo reivindicou que os trabalhadores pudessem realizar um Congresso das Classes Trabalhadoras, já que os empresários realizavam naquele ano a IV CONCLAP, Conferência Nacional da Classe Produtora. A realização da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, Conclat, aconteceu entre 21 e 23 de agosto de 1981, na colônia de férias do Sindicato dos Têxteis de São Paulo, na Praia Grande, com 5036 delegados.
LOURDES ESTEVÃO: Auxiliar de enfermagem licenciada do Hospital do Campo Limpo, é diretora do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Paulo desde 2008. Natural de Campinas (SP), começou a militância nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBS), Pastoral Operária e principalmente na Juventude Operária Católica (JOC). Foi operária da Singer do Brasil e ajudou a organizar greve na empresa em 1978, num momento em que o movimento sindical sofria intervenções da ditadura militar. Dirigente da JOC, entre 1980 e 1985 morou na Colômbia e ao retornar ao Brasil se instalou no Capão Redondo, zona Sul de São Paulo. Engajou-se na comunidade católica e nos movimentos sociais da região, atuando na criação de movimentos por transporte, educação e saúde.
UBIRATAN DE PAULA SANTOS: Médico formado pela USP, atua na Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração desde 1997. Dirigente do Sindicato dos Médicos de São Paulo entre 1981 e 1983. Foi Chefe de Gabinete da Secretaria das Administrações Regionais (1989-1990) da Prefeitura de São Paulo, secretário de Governo e presidente da Prodesan na Prefeitura de Santos (1993 a 1996) e chefe de gabinete da Secretaria de Governo na Prefeitura de São Paulo (2001 a 2004). Desde 2020 presidente o Conselho Superior da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
JOSÉ CAMPOS BARRETO, ZEQUINHA BARRETO: Natural de Brotas de Macaúbas (BA), foi operário metalúrgico e sindicalista. Foi uma liderança operária durante ditadura militar, tendo sido preso e torturado no Deops de São Paulo por estar à frente da greve dos metalúrgicos de Osasco, em julho de 1968. Após a edição do AI-5, Zequinha entrou para a clandestinidade. Ele se aproximou de Carlos Lamarca, capitão do Exército que se recusou a servir ao governo militar, aderiu à luta armada e se tornou um dos líderes oposicionistas mais procurados. Foi morto, junto com Lamarca, por agentes do Estado brasileiro em setembro de 1971, no interior da Bahia.