PUBLICADO EM 28 de fev de 2018
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Contribuição sindical: É legal autorizar em assembleia, dizem Centrais

Os dirigentes sindicais Wagner Gomes e João Carlos Gonçalves, o Juruna, rebateram editorial publicado nesta quarta-feira (28) no jornal O Estado de S.Paulo intitulado “O sindicato contra os trabalhadores”. Segundo os representantes de centrais sindicais, as assembleias que tem sido realizadas pelo país autorizando o desconto da contribuição sindical não violam a nova lei trabalhista, como afirma o jornal paulista.

Por Railídia Carvalho

Assembleia Geral Extraordinária do Sindifícios SP discute cobrança e desconto da contribuição sindical/Foto Sindifícios

Em São Paulo, um dos sindicatos que já se organizou para enfrentar a situação e que também lançou nota contra o editorial do Estadão foi o  Sindifícios SP. Segundo Paulo Ferrari, presidente do Sindifícios “Chamamos a categoria para uma Assembleia a fim de conscientizar o trabalhador sobre a importância de manter o Sindicato forte e organizado e ratificar a cobrança da Contribuição Sindical”.

Secretário geral da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner lembrou que a lei 13.467 estabelece que é necessário a autorização prévia. “O texto da lei não pede autorização individual diz que tem que ser autorizado e, portanto, a assembleia é o melhor espaço porque é nela que os trabalhadores decidem suas campanhas e lutas por direitos.”, disse o dirigente. De acordo com ele, as assembleias tem reunido grande número de trabalhadores.

“A assembleia é um instrumento real de poder dos trabalhadores para se ter um consenso. Isso inclusive é copiado nos condomínios onde os diretores do Estadão vivem, onde tudo é decidido, não tem como recorrer. Se você quer tomar uma decisão vá à assembleia. Talvez os diretores do Estadão precisem frequentar mais as assembleias nos seus condomínios”, ironizou Juruna.

Na opinião dele, a posição do Estadão é um tiro no pé porque uma regra do capitalismo é ter instrumentos de negociação. Juruna enfatizou que o Estadão precisa voltar às origens. Um dos marcos na história do jornal é a atuação como mediador na greve de 1917. “Como defensor do capitalismo, o jornal sabe muito bem que o sindicalismo nasceu no capitalismo para buscar negociação. Para isso o sindicato tem que ter peso e força o que só acontece se tiver receita, renda e o financiamento tem que vir dos trabalhadores”.

Metalúrgicos de Caxias do Sul-RS em Assembléia/Foto Diivulgação

“O Estadão é um jornal a serviço do patrão”, disparou Wagner. Segundo ele, a grande mídia apoia o golpe contra os trabalhadores para facilitar a vida de uma parte do empresariado que quer precarizar e retirar direitos. Enfraquecer os sindicatos faz parte da estratégia.

Trabalhador representado pelo sindicato ganha 5 vezes mais do que está na lei, disse o secretário da CTB. “Não há dúvidas e já foi comprovado que os sindicatos são responsáveis pelo aumento salarial e o aumento dos benefícios de todos os trabalhadores. Se não tivesse o sindicato e fosse cumprir só a lei, seguramente os trabalhadores não teriam os direitos que têm hoje conquistados com a luta do sindicato e das centrais”, enfatizou Wagner.

Leia abaixo a nota da Conatec, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios, em repúdio ao Editorial do Estado de São Paulo:

A Conatec vem a público externar perplexidade e repúdio ao editorial divulgado pelo Estado de São Paulo, nesta quarta-feira (28), relativo à atuação dos sindicatos brasileiros. No texto em questão, intitulado “Sindicatos contra o Trabalhador” o veículo de comunicação acusa as entidades de agirem contra o trabalhador e a desrespeitarem a legislação em vigor.

O editorial, de forma falaciosa, leva o leitor a ter uma compreensão deturpada do atual cenário e da atuação dos sindicatos, que têm agido unicamente de acordo com os dispositivos legais e lutando para continuar mantendo uma representação sindical sólida, para defender os interesses de toda categoria.

Sem dúvida, não é do interesse do trabalhador perder qualquer amparo institucional diante da reforma trabalhista e, muito menos, ficar a mercê apenas da sensibilidade dos seus patrões diante das causas trabalhista. São os sindicatos que lutam por acordos coletivos justos e por aumentos salariais condizentes. Seria do interesse do trabalhador perder isso?

A inexistência dos sindicatos não beneficia a categoria e interessa apenas aos empresários, pois sem as entidades eles terão mais poder de manobra para lucrarem em cima de quem mais precisa de proteção – os trabalhadores brasileiros.

O editorial do Estado de São Paulo também mascara os inúmeros prejuízos que a nova legislação trouxe aos trabalhadores, como a terceirização, o trabalho intermitente, a pejotização e outros pontos que, sem dúvida, irão colocar o trabalhador à margem dos direitos mais básicos, desrespeitando, inclusive, a Constituição.

Os sindicatos brasileiros têm agido para garantirem a continuidade das suas representações, para garantirem os direitos dos trabalhadores e para atuarem contra o desmonte arquitetado pelo governo. Por isso, o editorial do periódico apenas evidencia a mando de quem o Jornal Estado de São Paulo está agindo – e com certeza não foi da classe trabalhadora.

Paulo Ferrari, Presidente da Conatec

Com: Vermelho

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