Cerca de 600 líderes e membros sindicais se reuniram de 5 a 7 de dezembro, em La Falda, Argentina, para a 6ª Conferência Regional da UNI Américas.
Christy Hoffman, Secretária Geral da UNI Global Union, deu as boas vindas aos participantes e lembrou que, na Argentina, o presidente Javier Milei chegou ao poder com a intenção de enfraquecer os sindicatos. Segundo ela: “Milei e seus comparsas subestimaram completamente seu poder. Suas ações dificultaram que Milei seguisse sua agenda”.
Marcio Monzane, Secretário Regional da UNI Americas, ressaltou a necessidade de lutar contra as privatizações, contra a violência e o assédio no local de trabalho, e reforçou a importância de mais países ratificar Convenção 190 da OIT, que visa eliminar a violência e o assédio no mundo do trabalho, incluindo a violência de gênero e o assédio.
Foram debatidos temas como a defesa dos direitos democráticos, o avanço da negociação coletiva, a promoção da igualdade e o reforço do compromisso do movimento trabalhista com o combate às mudanças climáticas.
Moções
A conferência adotou nove moções principais que orientarão as estratégias da UNI Americas de 2025 a 2028.
No centro delas está o Breaking Barriers: Strategic Plan 2025–2028, que prioriza o fortalecimento da presença sindical em setores tradicionalmente de baixa densidade, como tecnologia e serviços de assistência. Esta moção promove o uso de ferramentas digitais para organização e treinamento, garantindo que os sindicatos se adaptem à natureza mutável do trabalho.
A moção Solidariedade pela Democracia e Justiça Social aborda as crescentes ameaças à democracia na região, enfatizando a importância de defender processos democráticos, promover a igualdade de gênero no local de trabalho.
À medida que as indústrias enfrentam interrupções devido à automação e inteligência artificial, a moção Transformações Econômicas e Tecnológicas ressalta a importância de garantir a integração equitativa dessas tecnologias por meio de negociações coletivas aprimoradas e iniciativas regionais de pesquisa.
As moções adotadas refletem o compromisso da UNI Americas em capacitar os trabalhadores, salvaguardar a democracia e enfrentar os desafios globais. “Essas moções são sobre reconhecer o valor inerente em cada trabalhador e cada indivíduo”, disse Gerard Dwyer, presidente da UNI Global Union. “O progresso deve elevar a todos, não apenas os poucos privilegiados.”
Reeleição
A conferência foi encerrada com a reeleição do brasileiro Marcio Monzane como secretário-geral da UNI Americas. Monzane é do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Dirigindo-se aos delegados, Monzane expressou gratidão aos seus colegas, familiares e à comunidade mais ampla da UNI Americas por seu apoio inabalável. “Resistir, para nós, não é apenas reagir, mas agir com propósito. Vivemos em um cenário em que as conquistas históricas do movimento trabalhista estão sendo questionadas ou desmanteladas. Mas a história nos mostra que a resistência organizada tem poder. Resistir é lembrar que nossos direitos não são concessões — são conquistas obtidas por meio de tremendo esforço e luta.”
Quando o encontro foi concluído, sua mensagem foi clara: construir sindicatos mais fortes fortalece a democracia e abre caminho para um futuro mais justo e sustentável.
Comerciários de São Paulo
Luiz Hamilton de Sousa, diretor do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, representou a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e o Secretariado Nacional dos Trabalhadores do Comércio e dos Serviços (Sentracos) na Conferência.
Durante a conferência, Luiz Hamilton recebeu um prêmio em nome da UGT e do Sentracos pelo destacado trabalho de sindicalização realizado em parceria com o Sindicato dos Comerciários de Franco da Rocha. A iniciativa foi direcionada aos trabalhadores e trabalhadoras do centro de distribuição da Amazon em Cajamar que, por ser uma empresa historicamente contrária ao movimento sindical, fez com que as entidades sindicais abordassem os (as ) profissionais em suas casas e nos pontos de ônibus . O reconhecimento ressalta os esforços das entidades sindicais brasileiras em promover organização e diálogo em um ambiente desafiador para os direitos dos trabalhadores.
Heron Alves compartilhou com o público como mais de 635 trabalhadores da Amazon no Brasil foram sindicalizados por meio de mobilização popular.
O evento foi um marco para a troca de experiências e reforço das alianças entre organizações sindicais do continente. A participação ativa da UGT e do Sentracos reflete o compromisso do Brasil em ser protagonista na defesa dos trabalhadores no cenário global, fortalecendo a luta coletiva por um mundo mais justo e sustentável.
Sintetel
O SINTETEL e a FENATTEL também participaram do evento. Na ocasião as lideranças que representavam as entidades participaram de debates sobre sindicalização, novas tecnologias, jornada de trabalho e direitos das mulheres.
Cristiane do Nascimento, diretora Social e membro do Comitê Regional da Uni Américas, e que foi reeleita para vice-presidente da entidade internacional, falou sobre saúde da mulher, assédio moral e sexual, e violência no trabalho e doméstica.
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