por Fábio Cassseb_O Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – divulgou nesta terça-feira, 12, um balanço das negociações referentes aos reajustes salariais de 2017. Segundo o estudo, cerca de 63% dos reajustes analisados resultaram em ganhos reais aos salários. (Confira íntegra do estudo)
Apesar do alto índice de negociações com ganho real, esses acordos tiveram valores pouco acima desse índice. De acordo com o levantamento mais da metade dos reajustes superiores à inflação (216 em 407) registraram ganhos de até 0,5%, e quase 80% (319 em 407) de até 1%.
O estudo compreende a análise de 643 negociações de trabalhadores na indústria, no comércio e em serviços – tanto no setor privado como em empresas estatais – em todo o território nacional.
Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna), a reforma trabalhista e a política econômica equivocada do atual governo, que têm causado um desaquecimento da economia, são os maiores responsáveis pelo tímido resultado nos ganhos dos trabalhadores.
Para ele, “a retomada econômica depende, em muito, de boa vontade política e de coragem por parte do governo para implantar uma política de redução contundente dos juros, intensificar os investimentos no setor produtivo e no setor público, bem como em obras de infraestrutura”.
O alerta da presidente do Sindicato das Costureiras de São Paulo, Eunice Cabral, é de que a mobilização dos trabalhadores deve ser para, além de garantir reajuste salarial com ganhos acima da inflação, enfrentar uma enorme resistência dos patrões para manter os direitos conquistados ao longo de anos de luta dos trabalhadores.
Eunice lidera a campanha salarial de 65 mil trabalhadores e trabalhadoras que tem data-base em 1º de agosto. A primeira assembleia com a categoria será no próximo sábado (16).
A luta neste ano, explica a sindicalista, será por 5% de aumento real, manutenção de todas as cláusulas sociais, entre outros pontos. “O momento é delicado e, mais do que nunca, nós devemos unir esforços para impedir a ofensiva patronal contra nossas conquistas trabalhistas”.
Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese, destaca que algumas das principais negociações coletivas brasileiras foram, e continuam sendo, afetadas pela reforma trabalhista, que entrou em vigor a partir de novembro de 2017. “Seja pela insegurança jurídica gerada, que poderia paralisar as negociações, seja por dificuldades maiores em chegar a um acordo em decorrência da ofensiva patronal em flexibilizar direitos trabalhistas, o fato é que as negociações têm sido realizadas com maior lentidão”, afirma.
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