Oito dias depois do acidente, uma das perguntas fundamentais feitas pelo Sindicato à empresa foi o nome do trabalhador. Mas o que se ouviu foi o silêncio. Esse silêncio resume o modo como os trabalhadores terceirizados são tratados pelas empresas, como nada.
Vinte dias antes do acidente, o Sindicato já havia alertado a empresa sobre as condições inseguras em que estavam trabalhando os terceirizados, numa altura superior a dois metros, sem cinto de segurança ou qualquer outro aparato previsto pela NR 35 (norma regulamentadora que determina regras de segurança para trabalho em altura). Prontamente, a empresa mandou os trabalhadores pararem e descerem do telhado. Mas, pelo visto, quando o Sindicato virou as costas tudo foi esquecido.
Outro problema é que até hoje o Sindicato não recebeu a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), nem a ata da reunião extraordinária da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). Com isso, a empresa desrespeita a Convenção Coletiva, que obriga que o Sindicato seja informado pela empresa em até 24 horas após o acidente.
Não fosse a solidariedade e o compromisso de um trabalhador, não teríamos ficado sabendo. Por isso, uma das cobranças feitas pelo Sindicato foi o funcionamento da Cipa. “O cipeiro tem a atribuição, a responsabilidade de ter um olhar de prevenção”, afirmou o diretor Sertório Carvalho.
A empresa se comprometeu a apresentar a cópia do boletim de ocorrência e da CAT ainda nesta sexta-feira, 4. Até lá, continuaremos sem saber o nome de mais um trabalhador que perdeu sua vida enquanto trabalhava.
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