São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, apenas no final da noite, por volta de 23h45, ao lado de amigos e aplaudido, ainda antes do final do julgamento do habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na avaliação de dirigentes petistas, ele segue sendo candidato. Em nota, a executiva diz que o partido “defenderá esta candidatura nas ruas e em todas as instâncias, até as últimas consequências”
O vereador paulistano e ex-senador Eduardo Suplicy, que chegou à noite ao ABC e conversou longamente com o ex-presidente, disse já na madrugada desta quinta (5) que “ainda cabe um julgamento mais conclusivo” em relação a Lula, para que ele comprove sua inocência e ratifique a candidatura. Essa é, segundo Suplicy, “a expectativa da direção do partido e de nós todos”. O petista “é um fortíssimo candidato à Presidência”, acrescentou.
Ainda falta, afirmou Suplicy, assegurar a Lula “o mais amplo direito possível de defesa”. Citando o voto de parte dos ministros do STF, o vereador destacou o inciso LVII do artigo 5º da Constituição: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Suplicy disse ainda que propôs a acompanhar Lula caso a prisão se efetive. “Eu me disponho a acompanhá-lo, e ficar junto se ele de fato for preso.”
Durante todo o dia de ontem, o sindicato foi reduto de defensores da candidatura do ex-presidente. Três governadores foram ao ABC (Wellington Dias, Fernando Pimentel e Tião Viana), além de vários ex-ministros (Luiz Dulci, Paulo Vannuchi, Carlos Gabbas, Miguel Rossetto), da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-prefeito Fernando Haddad e do pré-candidato do PT ao governo paulista, Luiz Marinho, ex-prefeito de São Bernardo e também ex-ministro (Trabalho e Previdência Social). Ex-companheiros de sindicato também manifestaram solidariedade a Lula.
Lula chegou pouco antes das 11h30 e permaneceu o tempo todo no segundo andar, enquanto centenas de militantes e integrantes de movimentos sociais ocupavam o andar acima. Havia a expectativa de que ele fizesse um pronunciamento, mas por volta de 20h assessores disseram aos jornalistas que isso não aconteceria. A informação foi dada pouco depois do voto da ministra Rosa Weber, anunciado às 19h34 e recebido com vaias. Antes desse voto, considerado decisivo, ainda havia aposta em uma vitória apertada, justamente por 6 a 5, como foi o placar final.
A movimentação no sindicato começou por volta de 9h. Grupos musicais se revezaram no palco do auditório, até as 14h30, quando o julgamento passou a ser transmitido em um telão. Se o voto do relator, Edson Fachin, passou quase despercebido, o mesmo não aconteceu com o ministro seguinte, Gilmar Mendes, que ganhou aplausos ao se posicionar pela concessão do habeas corpus ao ex-presidente. A linguagem e a demora nos votos dispersaram a atenção do público, que mais tarde vaiou Rosa Weber.
Pouco antes de a ministra votar, o presidente do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, havia subido ao auditório, às 18h40, para pedir que todos ficassem até o final. Ao lado dele, o presidente da CUT, Vagner Freitas, o líder do MST (sem-terra) Gilmar Mauro e os presidentes do PT de São Bernardo, Brás Marinho, e da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Paulo Cayres. Wagnão afirmou que o julgamento era apenas “uma etapa do golpe” e disse que a mobilização iria continuar.
Às 20h30, poucos ainda prestavam atenção ao julgamento. Na saída, ainda no terceiro andar, vários militantes paravam para tirar fotos em um banner com os dizeres “Existo porque resisto”.
Fonte: Rede Brasil Atual