PUBLICADO EM 12 de fev de 2019
COMPARTILHAR COM:

Varejo perdeu força em dezembro, dizem analistas

A atividade no comércio varejista fechou 2018 em acomodação. Segundo economistas, porém, isso não anula o cenário de retomada do setor, uma vez que a expansão provocada em novembro pelas vendas da “Black Friday” foi forte.

Foto: Marcelo Camargo-Agência Brasil

De acordo com a estimativa média de 30 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, o volume de vendas no varejo restrito, que não inclui automóveis e material de construção, ficou estável em dezembro, feitos os ajustes sazonais, depois de subir 2,9% na medição anterior.

As projeções para a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), a ser divulgada amanhã pelo IBGE, vão desde queda de 1,7% até avanço de 2,2%. Para o varejo ampliado, que considera veículos e material de construção, 24 analistas estimam redução de 0,7%, depois da alta de 1,5% em novembro.

Os principais indicadores antecedentes mostram que o varejo perdeu fôlego, movimento que não compromete a trajetória de recuperação do setor, avalia Isabela Tavares, economista da Tendências Consultoria. Em seus cálculos, o comércio restrito encolheu 0,7% em dezembro, enquanto o ampliado diminuiu 0,4%. Se confirmadas as expectativas, as vendas restritas terão encerrado 2018 com crescimento de 2,5%, e as ampliadas, de 5,2%.

A desaceleração no fim do ano está em linha com as vendas reais de supermercados, que subiram 0,2% em dezembro, após alta de 5,4% em novembro, diz Isabela, considerando dados da associação de empresas do setor dessazonalizados pela Tendências. Também após ajuste da consultoria, as vendas de veículos leves caíram 2,1% na passagem mensal, e as concessões de crédito livre para pessoa física ficaram 2,3% menores.

“Estamos vendo uma acomodação em níveis elevados”, comenta a economista, que destaca o impacto maior das promoções ocorridas em novembro na PMC. “A ‘Black Friday’ ganha mais relevância para o consumo a cada ano”, afirma ela. Por isso, é de se esperar que o comércio tenha desempenho negativo em dezembro, ao menos enquanto os efeitos dos descontos ainda se consolidam na pesquisa.

“As vendas de Natal de 2018 devem ter sido melhores que as de 2017, refletindo a melhora gradual do mercado de trabalho e a recuperação da confiança do consumidor nos últimos meses”, afirma o departamento econômico do Santander. Para o banco, o varejo restrito cresceu 0,6% ante novembro, enquanto o comércio ampliado recuou 1,3% em igual período.

Para Flávio Serrano, economista-sênior do Haitong, a redução de 0,1% prevista para as vendas restritas em dezembro seria um resultado favorável, já que, no mês antecedente, a atividade no comércio foi “fortemente influenciada” pela “Black Friday”. Nas vendas ampliadas, a expectativa é de retração de 1,1%.

Nas estimativas de Serrano, a herança estatística deixada pelo varejo restrito para 2019 ficará em 1,9%. Isso significa que, se o setor permanecer estável no nível de dezembro, terminará o ano com crescimento de 1,9%. Para o varejo ampliado, a herança esperada para o período é de 1,4%. Os números apontam, segundo ele, que dificilmente o varejo vai repetir neste ano o comportamento de 2018, mas a perspectiva é de alta.

Este também é o cenário da Tendências, que trabalha com expansão de 2,6% e 3% para os varejos restrito e ampliado em 2019, respectivamente. “Neste ano, o crescimento deve ser mais constante e gradual”, diz Isabela. Em 2018, o comércio mostrou reação, mas com elevada volatilidade devido a uma série de eventos, lembra, como a greve dos caminhoneiros, a incerteza trazidas pelas eleições presidenciais e a Copa do Mundo.

Fonte: Valor Econômico

ENVIE SEUS COMENTÁRIOS

QUENTINHAS