A matança de animais já é uma atividade que exige muito controle emocional, pois os funcionários de frigoríficos lidam com a morte de animais que não querem morrer. Muitos funcionários relatam que é ainda pior lidar com a morte de fêmeas gestantes, principalmente aquelas que têm em seu ventre uma prole completamente formada.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA) já havia sido contra a medida que autorizou a destinação das carcaças desses animais para o consumo in natura (alteração do RIISPOA de 2017), pois entendiam que o número de fêmeas em fase final de gestação que chegariam aos frigoríficos iria aumentar e, consequentemente, isso iria afetar a saúde mental dos funcionários. De fato isso aconteceu e a CNTA vem recebendo muitas reclamações de funcionários que não estão sabendo lidar com essa situação.
O presidente da CNTA, Artur Bueno de Camargo, vê a situação com muita preocupação porque com certeza mexe com o psicológico do trabalhador. “A matança já é uma atividade difícil para quem é mais sensível. Agora imagina um trabalhador que abateu uma fêmea e também vai ter que tirar um ou vários filhotes de dentro da mãe, que podem sair ainda vivos e com isso o funcionário terá de deixar os filhotes morrerem com falta de ar e terá que assistir a toda essa cena.”
O sindicalista ressalta que esse manejo realmente tem consequências ruins para o trabalhador e precisa ser interrompido, pois é cruel com os animais e é cruel com o funcionário que será obrigado a cometer essa prática de maus-tratos. “Com o artigo sétimo da Portaria 365 a CNTA teme que as reclamações e o impacto na saúde dos trabalhadores sejam ainda mais recorrentes e intensificados”, alerta Bueno.