PUBLICADO EM 22 de fev de 2018
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Negociações salariais: Mais de 90% tiveram aumento real em janeiro

No mês de janeiro oINPC acumulado nos 12 meses anteriores foi de 2,1%, enquanto que, na média, reajuste ficou em 3%; resultado positivo é fruto da ação do movimento sindical, aponta Paulinho da Força

Resultados dos acordos acima da inflação são fruto da ação do movimento sindical, destacam sindicalistas

Em janeiro, 91% das negociações salariais resultaram em aumentos reais, de acordo com a pesquisa Salariômetro da Fipe. Essa é um comportamento que vem se repetindo desde janeiro do ano passado. Enquanto o INPC acumulado nos 12 meses anteriores ficou em 2,1%, o percentual mediano de reajuste chegou a 3% – aumento real de 0,9%. Há três meses os reajustes têm aumento real nesse patamar.

Sergio Luiz Leite, Serginho, presidente da Fequimfar destaca que resultado é um índice importante para o termômetro do movimento sindical, das negociações coletivas e, porque não dizer, da economia. “Acreditamos que a recuperação da economia passa pela distribuição de renda. Já tivemos a experiência dos aumentos reais do salário-mínimo, que resultou no aumento da participação dos salários na economia interna”, lembra o sindicalista.

O deputado federal e presidente da Força Sindical Paulo Pereira da Silva (Paulinho da Força), que apresentou, na última terça-feira (20), recurso contra a declaração de prejudicialidade do projeto que regulamenta a contribuição sindical, em virtude da aprovação das leis da Reforma Trabalhista e do Trabalho Temporário defende que os resultados obtidos nas negociações salariais são fruto da ação do movimento sindical. “Nossa luta contra a retirada de quaisquer direitos dos trabalhadores será intensificada ainda mais e regulamentar o financiamento dos sindicatos faz parte do fortalecimento da luta do movimento sindical”.

Mônica Veloso, Presidente do Comitê de Mulheres da IndustriAllGlobal Union e vice-presidente da CNTM – Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos destaca uma forte reação dos sindicatos no que diz respeito à o fortalecimento da negociação coletiva. “Considerando o cenario que vivemos hoje de um modelo flexibilizado das relações de trabalho em razão da reforma trabalhista os resultados apresentados na pesquisa reforçam o aspecto de que a negociação tem que ser mais estratégica e eficiente”.

– Até 2015, os reajustes estavam acima da inflação. Quando bateu a crise e os preços dispararam, primeiramente os reajustes ficaram bem encostados na inflação, que ainda conseguia ser reposta. Então, no pior momento da recessão, a partir do último trimestre de 2015 e começo de 2016, não se conseguia nem a reposição. Depois disso, a inflação começou a ceder e os reajustes começaram a descolar novamente, para cima. Mesmo no período mais profundo da recessão, em 2016, o percentual de reajustes abaixo da inflação não chegou a 50% – recorda Hélio Zylberstajn, economista coordenador da pesquisa e professor sênior da Universidade de São Paulo.

Isso ocorreu, segundo Zylberstajn, porque os sindicatos dos trabalhadores “têm habilidade e capacidade” de obter esse ganho:

– As negociações no Brasil já partem da inflação acumulada 12 meses antes e quando o sindicato tem de ceder, geralmente ele abre mão de outro benefício que não o aumento real.

A tendência para este ano, segundo o economista, é que a maior parte das negociações siga com reajuste real, pois a inflação, apesar da tendência de aceleração, não deve disparar.

– As previsões do Boletim Focus (do Banco Central) para o INPC do ano estão em 3,8% – explica o economista.

Importância do movimento sindical
Serginho destaca ainda outro aspecto positivo, que mesmo com todo ataque que o movimento sindical tem sofrido por parte do governo que tenta tirar os recursos dos sindicatos desestruturando as entidades, os sindicatos ainda demonstram reação diante dos empregadores. O Sindicalista ressalta que 2017 foi o ano em que entrou em vigor a nova lei trabalhista, que o governo tentou colocar em dúvida as estruturas sindicais em relação ao custeio sindical. “Além deste importante resultado dos acordos é importante frisar que a reforma da Previdência não foi aprovada graças a resistência do movimento sindical. Todas essas ações mostram que o movimento sindical está vivo, forte e com disposição de continuar lutando”.

com informações do jornal O Globo

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